TV para mostrar o quê? 11/06/2014
- Blog de Rodrigo Constantino - Veja.com
Quando o PMDB fechou apoio ao PT nas últimas eleições, o fez com 84% dos votos. Ontem, o partido decidiu continuar na grande coalizão governista, mas com apenas 59% dos votos. A dissidência interna nunca foi tão grande, mostrando que mesmo a farta distribuição de cargos e ministérios tem limites.
O tucano Aécio Neves ironizou o ocorrido e o considerou uma derrota para Dilma:
"A presidente deve dormir com enxaqueca. Ela sofreu uma fragorosa derrota na convenção do PMDB. Depois de tudo que foi feito, da distribuição dos espaços ao PMDB no governo, no qual pelo menos um setor do PMDB manda mais que o próprio PT, a oposição à aliança tem mais de 40% dos votos. Para que tanto esforço para ganhar minutos na televisão se esse governo não tem absolutamente nada para mostrar aos brasileiros a não ser falsas projeções, maquiagens fiscais, indicadores sociais e econômicos extremamente ruins?"
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De fato, o que seria o PT sem seu marqueteiro? João Santana vale ouro para os petistas mesmo, pois só com muito truque de marketing e malabarismo para defender a gestão de Dilma Rousseff, que ainda teria de melhorar muito para ser apenas medíocre.
Na falta de projeto de país, resta somente o projeto de poder, que busca comprar aqueles que estão à venda.
Diz o tucano:
"Os peemedebistas estão vendo o que acontece com o Brasil, ninguém quer isso que está aí. O governo do PT é o governo da desesperança. O PMDB em vários estados estará próximo a nós. O resultado da convenção do PMDB é uma derrota de um governo que não teve limites para distribuir cargos. O governo há um ano só faz uma coisa: cooptar forças políticas para ela vença as eleições."
O PT, já sob o comando do puro marketing, vem tentando comparar em números absolutos a inflação na era FHC com a atual, algo sem o menor sentido.
Dilma mesmo repetiu a falácia, e ainda acrescentou que a inflação é cíclica mesmo, eximindo-se da responsabilidade do problema.
Não, presidente. A inflação é produto de medidas estatais, e poderia estar hoje rodando abaixo de 4% ao ano tranquilamente, como mostram os países mais sérios da América Latina, que crescem mais do que o Brasil com menos inflação.
Quanto à esdrúxula comparação com FHC, sem levar em conta o contexto, Aécio saiu em defesa do ex-presidente e alfinetou o PT:
"O Brasil não merece uma presidente que faz uma comparação tão absurda quanto essa. O presidente Fernando Henrique quando ele deixou o governo a inflação era em torno de 12%. Sim. Mas quando ele assumiu o governo ela era de 916% ao ano e parte desses 12% foi em razão do efeito Lula. Em razão da eleição do presidente Lula que gerou descontrole econômico nos primeiros meses."
O PT sempre foi assim: cria os problemas e depois joga a culpa em ombros alheios, nos tucanos, no mitológico “neoliberalismo”.
Diante de tudo isso, só nos resta fazer coro ao nobre desejo de Aécio Neves:
“A boa educação mineira só me permite desejar a presidente uma boa aposentadoria”.