A santinha de Felipão. E Hannibal Suárez 25/06/2014
- Antero Greco - O Estado de S.Paulo
No caminho de Brasília para Teresópolis, neste vaivém infindável da Copa, deu para ver a vitória do Uruguai que desclassificou a Itália.
O clássico mundial, decidido com gol de cabeça e bem perto do apito final, me levou a duas constatações: Felipão tem santo -- no caso, santa -- forte, proteção divina de primeiríssima grandeza.
E Luiz Suárez sofre de compulsão canibal.
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Por que juntei as duas coisas? Me acompanhe no bate-papo.
Na campanha do penta, em 2002, o técnico da seleção fazia referências recorrentes às orações e aos pedidos para Nossa Senhora do Caravaggio.
A santinha, popular no norte da Itália e em Caxias do Sul, ajudou na empreitada na Ásia, na visão de Felipão.
A fé o levou a receber ajuda adicional, com a recuperação de Rivaldo e Ronaldo em cima da hora, fora a eliminação precoce de Portugal, França, Argentina, então equipes em alta.
Agora, dias antes de iniciar a aventura no Mundial em casa, o treinador voltou ao santuário, no Sul, para invocar olhar especial de Nossa Senhora.
E não é que a mãe compadecida compareceu?
Antes de mais nada, porque Neymar se encontra em excelente fase e tem desatado nós complicados, com 4 gols em três jogos.
Fora isso, se repete a saída de cena de adversários com potencial para encrespar a vida do Brasil.
A Espanha pegou o boné, junto com Inglaterra e a Azzurra. Portugal está por tênue fio, quase a romper-se.
Vai mais?
A Holanda não trombará com a seleção nas oitavas de final. A tarefa caberá ao Chile, freguês de carteirinha em Copas e que jamais venceu a amarelinha aqui.
Nas quartas, será a vez de topar com Colômbia ou Uruguai. Ou seja, o Mundial virou uma versão ampliada da Copa América, com possibilidade crescente de a seleção chegar à final, talvez contra a Argentina.
Na teoria, isso faz muita diferença, pois se projetava uma sequência de duelos angustiantes, contra Espanha, Itália, Alemanha e Argentina.
Agora, sempre em tese, a estrada tem menos espinhos.
E, mesmo que se defronte com alemães e argentinos, o time brasileiro tende a chegar mais robusto às semifinais.
Se bem que esse negócio de caminho suave vai até a página 5. Os colombianos fecharam esta fase com 100 por cento de aproveitamento e com baile de 4 a 1 no Japão.
E o Luis Suárez?
Não esqueci dele, não. O sujeito é matusquela.
No jogo com a Inglaterra, emocionou com os gols e a prova de superação, já que passou por cirurgia dias antes da Copa.
Daí, ontem, sem mais nem menos lascou dentada em Chiellini, ao melhor estilo "Hannibal", personagem medonho interpretado por Anthony Hopkins.
É a terceira vez que o moço faz isso, embora o destempero não obscureça a proeza uruguaia.
A Fifa pode lascar-lhe uma pena e tanto -- os bons medos agradecem. Por tabela, a seleção também.
Olha aí a santinha...
Mas o que não há santo que dê jeito é a Itália. Campanha pífia, com eliminação merecida. Esperava mais de uma equipe tetracampeã.