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O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

As convicções de Dilma
29/06/2014 - O Estado de S.Paulo

Amanhã, último dia estabelecido pela legislação eleitoral para a realização de convenções partidárias destinadas a definir candidatos e deliberar sobre coligações para o pleito de 5 de outubro, estará se encerrando a mais despudorada temporada de compra e venda de minutos e segundos da propaganda eleitoral gratuita, que estará no ar a partir de 19 de agosto, jamais registrada neste país.

E à afronta à Nação representada por esse vergonhoso espetáculo soma-se o cinismo de quem tem a responsabilidade maior de zelar pela seriedade na vida pública:

"A política que aprendi a praticar ao longo da minha vida desde a minha juventude, que me levou inclusive à prisão, implica em construir relações que sejam baseadas não em conveniências, mas em convicções".


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Dilma Rousseff permitiu-se esse cínico rompante ao discursar na convenção nacional do PSD que na quarta-feira selou o apoio à sua reeleição.

Não explicou a quais "convicções" se referia, mas recomendou a todos que não aceitassem "provocações que buscam baixar o nível do debate, que buscam acirrar o antagonismo".

E não deixou de se gabar das "transformações rápidas e profundas" realizadas por seu governo, garantia, no futuro, de "um ciclo ainda mais rápido e duradouro de mudanças".

Esqueceu-se, apenas, de que a divisão da Nação entre "eles" e "nós" e as campanhas de difamação dos adversários fazem parte da obra política do lulopetismo.

Esqueceu-se, ainda, de que seu governo é um continuado desastre econômico-financeiro, ditado por atrasada ideologia.

Poucas horas antes, Dilma havia promovido uma transformação rápida e profunda em seu governo ao trocar o titular do Ministério dos Transportes, feudo do PR, por imposição de um aliado importante, o chefão de fato daquele partido, o mensaleiro Valdemar Costa Neto, que enviara seu ultimato diretamente do presídio da Papuda.

O ministro defenestrado, César Borges, também é do PR, mas o sentenciado Costa Neto decidiu trocá-lo por entender que ele "não ajudava" o PR.

É assim que Dilma governa.

Tanta "convicção" que marcou esses recentes movimentos da campanha eleitoral é o resultado de reunião de que Dilma participou na noite de terça-feira sob o comando de seu criador, com a indispensável presença do marqueteiro oficial do PT.

Ouviu e cumpriu a ordem de Lula de que não é hora de contrariar aliados.

Convém repetir o que tem sido reiteradamente afirmado neste espaço: Lula e os petistas não inventaram o fisiologismo político, o toma lá dá cá na composição da base de apoio parlamentar ao governo, o aparelhamento partidário que compromete a eficiência da máquina governamental e tantas outras mazelas que corrompem a vida pública no Brasil.

Na verdade, por mais de 20 anos Lula e o PT rangeram os dentes contra esses vícios, prometeram mudar "tudo isso que está aí".

Em 2003 chegaram finalmente ao poder e concluíram -- aliás, muito rapidamente, como prova o mensalão -- que "é impossível" governar sem o apoio dos "picaretas" que, como Lula denunciara dez anos antes, infestam o Congresso.

Deu no que deu.

Esse raciocínio da "impossibilidade" só faz sentido quando o pragmatismo se torna um valor fundamental.

Os petistas que hoje argumentam que os fins justificam os meios -- e por isso podem cultivar a incoerência e o desmando -- não consideram que o fim da política é o bem comum.

Seu objetivo é a manutenção do poder -- e a qualquer custo, material ou moral.

Mas isso tem consequências.


Em decorrência do aprimoramento das ancestrais práticas de fisiologismo político a que o PT se vem diligentemente dedicando, a falta de pudor e de coerência, a mistificação, o populismo mais rasteiro, o apego às "boquinhas", tudo, enfim, que há de mais condenável na vida pública ameaça hoje gangrenar irremediavelmente o tecido político do País, tornando o ato fundamental da cidadania, o de votar, cada vez mais um penoso exercício de escolha do menos pior.

Não se pode esperar que Lula & Cia., inebriados com as delícias do poder, reneguem seu ethos.

Mas a presidente de todos os brasileiros -- que diz ter "convicções" -- poderia pelo menos nos poupar do cínico espetáculo que acabamos de presenciar.


  

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