A arrecadação de impostos do governo federal quase parou de crescer neste ano. De janeiro a maio, a receita aumentou apenas 0,31% em relação aos primeiros cinco meses de 2013, descontada a inflação. Trata-se de mais uma evidência de que a atividade econômica desacelera para um ritmo próximo ao da estagnação.
O número de pessoas empregadas e o total dos rendimentos do trabalho nas grandes metrópoles também parou de crescer. O crédito se expande em ritmo cada vez mais vagaroso; no caso dos empréstimos que não são regulados ou orientados pelo governo, os empréstimos ditos "livres", o total é menor que o do ano passado.
A Receita Federal ainda estima que a arrecadação possa aumentar 2% neste ano, revisando a projeção inicial de 3,5%. Mesmo assim, o cálculo soa otimista, baseado na hipótese de que a economia crescerá 2,5% em 2014 -- e desconsiderando novas reduções ou prorrogações de desonerações tributárias, como a do IPI sobre automóveis.
PUBLICIDADE
O próprio Banco Central considera que o PIB brasileiro avançará 1,6%. A projeção de economistas do setor privado é de 1,2%.
A frustração previsível da arrecadação torna ainda mais difícil o cumprimento da meta de superávit primário federal, a poupança do governo, desconsideradas as despesas com juros da dívida pública.
Soube-se na sexta-feira (27), para piorar o quadro, que o governo por enquanto não está conseguindo cumprir tal meta, se considerado o desempenho das contas públicas nos últimos 12 meses.
Além de explicitar o resfriamento da economia, os números da arrecadação evidenciam as dificuldades óbvias causadas pelo baixo crescimento, recentemente menosprezadas por membros da administração federal. O governo se gaba de manter baixo o desemprego e proporcionar melhorias sociais.
O nível de emprego, no entanto, começa a acusar o efeito da baixa atividade. Como era fácil antever, a pífia expansão do PIB se reflete na receita de impostos, ainda mais insuficiente para financiar a expansão de programas sociais ou investimentos em infraestrutura. Note-se que o deficit público apenas cresceu nos anos de Dilma Rousseff (PT).
A estagnação econômica, enfim, solapa algumas das últimas ilusões desta administração federal. O governo, de seu início até o terceiro ano, alardeava que o país cresceria a 6%, depois a 4%, calando-se sobre tais previsões exorbitantes diante dos resultados lamentáveis, substituindo tal propaganda pela do progresso social restante.
Também este, agora se vê, será insustentável. É mais um ciclo de fantasias que se encerra.