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O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Fifa faz marmelada
14/07/2014 - Blog de Ricardo Setti - Veja.com

A Fifa já errou feio antes -- talvez o erro mais relembrado seja o de premiar, antes da final contra o Brasil, o goleiro alemão Oliver Kahn com a Bola de Ouro como o melhor jogador da Copa de 2002.

Ao deixar de considerar a partida Brasil x Alemanha, em Yokohama, a Fifa não previa que Kahn falhasse clamorosamente em um dos dois gols de Ronaldo Fenômeno e concedeu ao goleiro um troféu manchado.

Ontem, de novo o “comitê de sábios” da Fifa -- seu Grupo de Estudos Técnicos pisou na bola, ao conceder a Messi a Bola de Ouro.


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Messi fez boas partidas na Copa, terminou o Mundial com quatro gols marcados e uma assistência para um golaço de Di Maria, mas obviamente a discussão sobre o melhor jogador tinha que levar em conta a partida final.

Como aqui em VEJA vivemos em uma democracia, não concordo com a reportagem do site afirmando que seu prêmio de consolação -- porque disso se tratou -- se deveu a uma “notável campanha” do craque na Copa.

Das duas equipes finalistas, o alemão Schweinsteiger é quem deveria ter ficado com o caneco, não apenas por sua criatividade e técnica no meio de campo, mas por sua capacidade de defender com eficácia e de avançar com categoria, sem contar a fibra, o espírito de luta, especialmente nesta final, quando teve comportamento heroico.

Foi caçado o tempo todo pelos argentinos, sangrou no rosto depois de uma entrada muito desleal de Kun Agüero, mas, além de exibir um grande futebol, comandou o time em campo de forma ainda mais vigorosa do que o capitão Lahm, salvou contra-ataques perigosos da Argentina, municiou o ataque, estimulou os companheiros, deu broncas -- e, depois do apito final, era o retrato da alegria de um atleta realizado.

Em contrapartida, Messi, que evidentemente não chegou a atuar mal, perdeu um gol inacreditável, não comandou com energia o time argentino e, acima de tudo, deu um testemunho público de não dispor de algo que completa um grande profissional da bola: perder com respeito e dignidade.

Terminada a partida, ele não cumprimentou a maior parte dos adversários alemães, como manda a desportividade, a boa educação e o protocolo da Fifa.

Foi receber o prêmio de melhor jogador da Copa -- de melhor jogador da Copa!!! -- como se se tratasse de um castigo ou um insulto, empunhou o troféu com pouco caso, desceu da tribuna de honra carregando-o com a mão esquerda, como se fosse uma sacola de resíduos, e entregou-o ao primeiro integrante da delegação argentina que encontrou.

Não gostou? Deveria então recusar!!!

Depois, no momento de receber as medalhas de prata, seguindo em atitude antidesportiva.

Primeiro, não se juntou aos companheiros para passar pelo “túnel” de alemães que aplaudiam os adversários. A seguir, subiu carrancudo a tribuna de honra e po

r um triz não deixa de cumprimentar a chanceler alemã Angela Merkel e a presidente Dilma Rousseff.

Estendeu a mão a outros integrantes da tribuna olhando para o chão e desceu de cara fechada.

A Bola de Prata, para o segundo melhor da Copa, foi para o alemão Thomas Müller, enquanto o holandês Arjen Robben foi lembrado como terceiro melhor jogador da competição.

Messi é um craque espetacular, um jogador de futebol quase perfeito, um dos melhores e mais completos da história do esporte.

Sua atitude deselegante e o mau exemplo dado num evento importantíssimo como o de ontem, porém, mostra que, aos 27 anos, ele ainda tem o que aprender.

PS

Estou em boa companhia ao considerar que Messi não mereceu a Bola de Ouro.

No excelente programa do canal SporTV É Campeão -- uma mesa-redonda com os capitães de quatro seleções campeãs mundiais --, expressaram a mesma opinião Carlos Alberto Torres (Brasil, 1970), Lothar Mathäus (Alemanha, 1990) e Fabio Cannavaro (Itália, 2006).

Só discordou dos demais o argentino Daniel Passarella, capitão da Argentina que venceu o Mundial de 1978.


  

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