O perigo é o abraço 16/07/2014
- Carlos Brickmann - Observatório da Imprensa
Durante muitos anos, descreveu-se o PSDB (e a descrição vale até hoje) como um partido formado 100% por amigos que são 100% inimigos.
Neste ano, a descrição passa a valer para o PT (quase com perfeição, porque há no partido uma unanimidade: Lula): todos são petistas, todos são amigos, todos se odeiam.
Franklin Martins e João Santana, por exemplo, disputam ferozmente o comando do conteúdo da campanha de Dilma -- a tal ponto que Martins só não foi embora por um pedido especial de Lula.
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Martins é também duro adversário de Paulo Bernardo, e a tropa de choque que mobiliza -- o MAV, Movimento de Arregimentação Virtual, que atua coordenadamente na Internet -- periodicamente abre fogo contra o ministro das Comunicações.
Aloízio Mercadante e Guido Mantega, que já concorreram pela posição de formulador da política econômica petista, continuam tendo restrições um ao outro (se bem que a disputa pelo comando a política econômica tenha sido encerrada, com a derrota de ambos. Quem manda é Dilma e pronto).
E ninguém gosta do secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, a começar por sua chefe Dilma Rousseff.
E Carvalho, petista desde a fundação do partido, ligadíssimo à base sindical e de esquerda católica que sempre deu respaldo a Lula, é o guardião da história do PT.
Sabe tudo.
Gilberto Carvalho deve agora, segundo o bem-informado colunista Lauro Jardim, de Veja, deixar o Governo para entrar na campanha de Dilma.
A presidente, ao que parece, está feliz -- não com a entrada de Gilberto, mas com sua saída.
Tudo claro
Já sabemos por que a Seleção brasileira sofreu contra a Alemanha o apagão citado por Luiz Felipe Scolari, e levou de sete.
A explicação é dada por Rui Costa Pimenta, candidato do PCO, Partido da Causa Operária, à Presidência da República (www.pco.org.br):
“A derrota esmagadora da seleção brasileira aconteceu muito antes deste fatídico 8 de julho no Mineirão.
Foi preparada pela direita nacional organizada pelo imperialismo, pelos monopólios capitalistas do esporte, pela imprensa ‘nacional’ (vendida para o capital estrangeiro) e, inclusive pela esquerda pequeno-burguesa que trabalha a serviço da direita como o PSOL, o PSTU e outros grupos menores do mesmo quilate.
Acuaram os brasileiros para não torcer pelo Brasil, buscaram de todos os meios desestabilizar o time brasileiro.
A seleção foi derrotada pela política, mais precisamente pela pressão política”.
Completando
Hulk jogou um bolão, Fred atormentou as defesas adversárias, Fernandinho mostrou que é craque. Se não fossem a imprensa e o imperialismo, seria “tóis”!
O país normal
O Congresso não funcionou durante a Copa -- embora não se tenha esquecido de alugar carros com motorista.
Mas vá lá: embora o país não tenha parado, andou devagar. Agora, que acabou a Copa, o Congresso tem de votar a Lei de Diretrizes Orçamentárias e só: entra em recesso nesta sexta, que ninguém é de ferro.
O caminho das pedras
Lembra da guerra que resultou em duas CPIs sobre a Petrobras, uma na Câmara, outra mista, de deputados e senadores?
Pois é: as duas estão formadas.
E quietinhas.
O Governo controla as duas, por meio do mesmo senador Vital do Rego, do PMDB paraibano, e não quer fazer marola.
A oposição, que já não gosta de se opor, neste caso quer opor-se ainda menos, e pelo mesmo motivo do Governo: para que atingir financiadores de campanhas?
Nos últimos 20 dias, foram ouvidos o ex-presidente e a atual presidente da Petrobras.
E fiquemos por aí, que cada parlamentar e cada partido sabem direitinho que o calo dói é no bolso.
A fonte do dinheiro
As propinas em São Paulo já não podem ser atribuídas apenas ao homem-forte do Governo Covas, Robson Marinho: aos poucos, vão surgindo novos suspeitos, novas evidências.
Este colunista não acusa nem defende: quer apenas saber quem andou levando, se é que alguém andou levando.
E tem certeza de que ninguém rouba sozinho.
Quando será feita a investigação completa sobre os companheiros de Robson Marinho no primeiro Governo da atual dinastia tucana?
Discretíssimo
Copa vem, Copa vai, e a portaria nº 734 do ministro da Saúde, Arthur Chioro, publicada no Diário Oficial da União de 5 de maio, vai passando batida.
Pela 734, médicos, farmacêuticos, dentistas, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas e fonoaudiólogos formados em países do Mercosul (Argentina, Uruguai e Paraguai) estão dispensados de revalidar o diploma para trabalhar no Brasil.
A portaria já está em vigor.
Os próximos
A Venezuela não está citada na portaria 734, mas como é membro pleno do Mercosul está, por direito, tacitamente incluída.
Os cinco Estados associados ao Mercosul -- um status menos elevado -- também não são citados; por enquanto, o benefício do diploma sem revalidação não se estende aos profissionais neles formados.
Os Estados associados são Colômbia, Equador, Peru, Chile e Bolívia.