Mais Submédicos 17/07/2014
- Blog de Reinaldo Azevedo - Veja.com
O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, fez, entendo, a coisa certa nesta quarta ao afirmar que o programa “Mais Médicos” continua -- e nunca ninguém pediu que acabasse, é bom que fique claro --, mas que não aceitará as imposições do governo cubano.
Segundo os contratos hoje em vigor, os médicos oriundos da ilha recebem apenas de 25% a 30% do que custam aos cofres públicos: R$ 10 mil. O resto vai parar na ditadura de Fidel Castro.
Transformou-se uma fonte de renda.
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Estimam-se em 11.400 os médicos cubanos que atuam no programa no Brasil.
Cuba recebe mais ou menos R$ 79,8 milhões por mês -- ou R$ 957,6 milhões por ano.
Em suma, a exportação de carne humana rende à tirania dos irmãos Castro quase R$ 1 bilhão.
Não custa desconfiar: como a ilha não é, assim, um exemplo de transparência, em tese ao menos, o dinheiro que vai pode voltar, não é mesmo?
Em ano eleitoral, pode ser a chamada mão na roda -- ou no cofre.
É claro que, se eleito, Aécio não vai conseguir mudar o contrato da noite para o dia.
O importante é começar a rever essa imoralidade.
Ele também prometeu que vai criar as condições para que os médicos estrangeiros façam o “Revalida”, o exame que permite a quem tem formação fora do país clinicar em terras nativas.
Que fique claro: o programa hoje em vigor poderia ser chamado “Mais Submédicos”.
Os profissionais são autorizados a trabalhar só ali e, em razão de não terem o “Revalida”, estão proibidos de executar uma série de procedimentos.
Dilma falando certa feita sobre o Mais Médicos refletiu, com a profundidade característica: as pessoas precisam de médicos que as apalpem.
Então tá.
Eu acho que pobres e ricos precisam de médicos que possam fazer o diagnóstico de suas doenças.
Sim, quem quer que venha a assumir o governo terá uma bela herança maldita na área da saúde, que não se resolve com apalpadelas.
Entre 2002, último ano do governo FHC, e 2005, terceiro ano já do governo Lula, o número total de leitos hospitalares havia sofrido uma redução de 5,9%.
Era, atenção!, O MAIS MAIS BAIXO EM TRINTA ANOS!
Números fornecidos pelo PSDB?
Não!
Por outra sigla: o IBGE.
Em 2002, havia 2,7 leitos por mil habitantes. Em 2005, havia caído para 2,4.
“Ah, Reinaldo, de 2005 para cá, algo deve ter mudado, né?”
Sim, mudou muito!
O quadro piorou enormemente: a taxa, em 2012, era de 2,3 -- caiu ainda mais.
E caiu não só porque aumentou a população, mas porque houve efetiva redução do número de leitos púbicos e privados disponíveis: só entre 2007 e 2012, caíram de 453.724 para 448.954 (4.770 a menos).
Ou por outra: entre 2002 e 2012, o número leitos hospitalares por mil habitantes teve uma redução de 15%.
Entre 2008 e 2013, foram fechados 284 hospitais privados.
Segundo o Conselho Federal de Medicina, entre 2005 e 2012, fecharam-se 41.713 leitos do SUS.
Isso sob as barbas do grupo político que vai repassar quase R$ 1 bilhão a Cuba por ano.
Isso tem de mudar, com Aécio, Dilma Rousseff ou Eduardo Campos na Presidência.
Segundo a lógica, se ela vencer, fica como está porque o que se tem também é obra sua.
Campos, até agora, não se pronunciou, mas deve pensar algo a respeito.
Aécio está dizendo que, se eleito, assim não fica.