O que todos dizem 26/07/2014
- Blog de Reinaldo Zevedo
Ai, que preguiça!
O Santander enviou a clientes seus com renda superior a R$ 10 mil uma análise que já se tornou carne de vaca na imprensa, nos mercados, nos meios políticos, no Congresso, na rua, na chuva, na fazenda ou numa casinha de sapé.
A síntese do texto é a seguinte: se Dilma voltar a subir nas pesquisas, haverá deterioração dos indicadores econômicos.
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E o banco sugere a seus clientes que consultem o gerente para que este sugira as melhores opções de investimento. O comunicado foi publicado pela Folha.
Sabem o que eu tenho a lamentar aí? Apenas a língua portuguesa.
Sugiro ao Santander que recomende ao redator da estrovenga um curso intensivo da “Inculta & Bela”, que, no caso acima, é pura sepultura e nenhum esplendor.
É preciso de um pouco de boa vontade para entender o texto.
Nem Dilma redigindo uma “composição” de próprio punho seria capaz de barbarizar tanto.
Dito isso, vamos ao que interessa.
Os petistas e seus acólitos estão tentando fazer escarcéu, acusando o banco de fazer campanha eleitoral ou sei lá o quê.
Como o comunicado chegou aos clientes com renda acima de R$ 10 mil, tenta-se transformar a avaliação numa espécie de conspiração dos ricos.
Chamar pessoas com renda de R$ 10 mil de “ricas” é demagogia.
O Santander não falou nada que o mercado não esteja falando. O Santander não falou nada que a imprensa não esteja falando. O Santander não falou nada que os próprios petistas não estejam falando.
Aliás, Lula já usou essa questão para fazer proselitismo.
Um banco também é um orientador de investimentos e tem o direito de fazer avaliações a seus clientes, ora essa!
Estão tentando fazer tempestade em copo d’água.
A pressão sobre o banco foi grande, e a instituição emitiu a seguinte nota:
“O Santander esclarece que adota critérios exclusivamente técnicos em todas as análises econômicas, que ficam restritas à discussão de variáveis que possam afetar os investimentos dos correntistas, sem qualquer viés político ou partidário. O texto veiculado na coluna ‘Você e Seu Dinheiro’, no extrato mensal enviado aos clientes do segmento Select, pode permitir interpretações que não são aderentes a essa diretriz. A instituição pede desculpas aos seus clientes e acrescenta que estão sendo tomadas as providências para assegurar que nenhum comunicado dê margem a interpretações diversas dessa orientação.”
A redação melhorou, apesar do “aderentes a essa diretriz”.
O “esclarecimento” só se fez necessário porque se criou uma falsa questão: o banco estaria fazendo campanha eleitoral.
É bobagem das grossas.
Digam-me: se o Santander tivesse anexado cópia de reportagens da Folha, da VEJA, do Estadão do Globo com essa mesma informação, seria diferente?
A deterioração de indicadores econômicos quando aumentam as chances de reeleição de Dilma é só pregação de antipetistas ou é um dado do mundo dos fatos?
Ora… Essa gritaria é só mais uma pecinha publicitária que busca criar a guerra entre pobres e ricos, colocando, claro!, os bancos como os grandes vilões, a serviço dos endinheirados.
É mesmo, é?
Tão logo se divulguem os dados sobre doações eleitorais, vamos ver quanto cada um doou para quem.
O presidente do PT, Rui Falcão, deixou claro que o PT pediu algumas cabeças.
Leio na Folha:
“Já houve um pedido de desculpas formal enviada à Presidência. [...] A informação que deram é que estão demitindo todo o setor que foi responsável pela produção do texto. Inclusive gente de cima. E estão procurando uma maneira resgatar o que fizeram”.
Eis aí.
Chegamos ao ponto em que afirmar que dois mais dois são quatro pode render cabeças se isso não for do agrado do partido oficial.