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O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Só o mensalão foi mais grave
04/08/2014 - Blog de Reinaldo Azevedo - Veja.com

O PSDB pretende entrar com representações nas comissões de Ética do Senado e da própria Presidência da República contra a presidente Dilma Rousseff, funcionários da Petrobras, parlamentares, funcionários do Senado e da Secretaria de Relações Institucionais.

Por quê?

Fraude na CPI.


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Sim, leitores, vocês já devem ter lido a respeito.

Reportagem de capa da VEJA desta semana demonstra que uma grande farsa foi armada na comissão destinada a investigar no Senado o prejuízo bilionário com a compra da refinaria de Pasadena.

Trata-se de uma das maiores agressões jamais feitas contra o Poder Legislativo.

Nessa matéria, a partir de agora, só o PT supera o PT.

Um grande teatro foi armado para que não se investigasse nada.

As perguntas elaboradas pelos parlamentares foram previamente passadas aos convocados, tudo sob a supervisão de funcionários graduados do governo e de políticos do alto escalão.

Já entro em detalhes.

Já escrevi isto aqui algumas dezenas de vezes: é claro que o PT não inventou a corrupção e o malfeito na política.

Já existiam antes dele; continuarão a existir depois.

O partido inovou num aspecto: nunca antes na história deste país, como costuma dizer Lula, um partido tentou profissionalizar o crime político e fazer dele um método.

Infelizmente, o PT trouxe essa novidade -- e tomara que ela seja interrompida e não tenha continuadores.

O que foi o mensalão?

Cumpre lembrar: mais do que simples roubo de dinheiro público, mais do que peculato, mais do que corrupção ativa, mais do que corrupção passiva, mais do que formação de quadrilha, mais do que evasão de divisas, mais do que lavagem de dinheiro.

O mensalão foi tudo isso para ser algo bem maior do que isso.

Tratou-se de uma armação para criar um Congresso paralelo, movido pelo propinoduto, de sorte que o povo brasileiro tivesse solapado seu principal canal de expressão: o Poder Legislativo. Que passaria a se mover nas sombras.

Esse, sim, foi o grande crime do mensalão.

Mais do que o roubo, que já era muito grave, o que se viu foi o assalto ao estado de direito e ao estado brasileiro.

Muito bem: agora, VEJA revela mais um escândalo deplorável.

Um vídeo de 20 minutos que veio a público traz uma reunião entre o chefe do escritório da Petrobras em Brasília, José Eduardo Sobral Barrocas, o advogado da empresa Bruno Ferreira e uma terceira personagem, ainda desconhecida.

Gravado provavelmente com uma caneta-câmera, a reunião demonstra que as perguntas feitas pelos parlamentares na CPI foram previamente passadas ao grupo para que os depoentes pudessem ser “treinados”.

Participaram da conspirata Paulo Argenta, assessor especial da Secretaria de Relações Institucionais; Marcos Rogério de Souza, assessor da liderança do governo no Senado; Carlos Hetzel, assessor da liderança do PT na Casa; o senador Delcídio Amaral (PT-MS); o senador José Pimentel (PT-CE), relator da CPI; Graça Foster, presidente da Petrobras, e José Eduardo Dutra, ex-presidente do PT e hoje um dos diretores da estatal.

O alvo maior da preocupação era mesmo Nestor Cerveró, aquele que omitiu do Conselho de Administração da Petrobras duas cláusulas essenciais na compra da refinaria de Pasadena.

Barrocas, o chefe do escritório da empresa em Brasília, quer saber se as perguntas já estão com Cerveró e deixa claro que expediente idêntico foi empregado nos depoimentos de Gabrielli e de Graça.

Pimentel, o relator da CPI, recorre à presidente da empresa e a Dutra para fazer um “gabarito” com as perguntas e respostas.

O PT se assustou com os desdobramentos da CPI dos Correios, que está na raiz da condenação da cúpula do partido, que foi parar na cadeia.

Decidiu, então, desmoralizar esse expediente, que, na prática, já depôs um presidente e mandou para casa os tais “anões do Orçamento”.

Eis aí: esse é o partido que diz querer fazer uma reforma política para moralizar o Congresso.

Estamos diante de um dos maiores crimes jamais cometidos contra a República.

Ah, sim, o que Dilma tem com isso?

Paulo Argenta é braço-direito de Ricardo Berzoini, ministro das Relações Institucionais. Berzoini foi nomeado justamente para tentar, digamos, segurar o escândalo da Petrobras na unha.

Não custa lembrar que era ele o presidente do PT quando veio à luz o tal escândalo dos aloprados.

Ficou claro que sabia de tudo.

Quem escolhe um Berzoini escolhe também um método, não é mesmo, presidente Dilma?


  

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