Último pilar do PT está ruindo 22/08/2014
- Blog de Rodrigo Constantino - Veja.com
O mercado de trabalho brasileiro teve mais um resultado ruim. Depois de terem sido criadas apenas 25.363 vagas formais em junho (pior do mês nos últimos 16 anos), o saldo líquido de vagas (admissões menos demissões) ficou em 11.796 em julho.
Este é o pior resultado para o mês desde 1999, quando a abertura líquida de vagas havia sido de 8.057 postos.
O número também é menor do que em julho de 2013, quando foram criados 41.463 postos de trabalho. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado ontem pelo Ministério do Trabalho.
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A atividade estagnou, a inflação segue em patamar extremamente elevado, e agora o emprego começa a sentir o impacto.
Esse tem sido o último refúgio do governo Dilma. Mas é questão de tempo até a crise corroer esse pilar, que também é de areia. No meu texto Ressaca, explico:
A grande bandeira explorada pelo atual governo tem sido a taxa de desemprego reduzida.
Mas cabe perguntar: até quando?
Voltando à comparação com a ressaca, o emprego é o último sintoma dos problemas, algo como o vômito do bêbado desesperado.
As empresas seguram até o limite seus funcionários, pois as leis trabalhistas são engessadas e é muito caro demitir e contratar.
Enquanto houver alguma esperança de que a situação pode se reverter na frente, as empresas postergam planos de demissões.
Mas a esperança, se Dilma continuar no poder, é quase nula, e o pessimismo é total.
Já há sinais de demissões em alguns setores, como o de automóveis, e vale lembrar que quase um terço dos empregos formais criados nos últimos anos ocorreu no setor público.
É este um modelo decente de país?
Para piorar, não sabemos ao certo o impacto do Bolsa Família na taxa de desemprego, pois muitos deixam de buscar trabalho formal com receio de perder o benefício.
Em outras palavras, o mais importante pilar da aprovação do governo Dilma se mostra frágil e insustentável. É questão de tempo até a crise chegar a ele.
O desafio da oposição é explicar isso em linguagem clara para as classes C e D, que começam a sentir os primeiros sintomas da ressaca, mas não se dão conta ainda do que vem por aí.
Quem está empregado hoje e acreditando que essa é uma importante conquista social obtida graças ao governo Dilma está redondamente enganado.
Tal emprego corre perigo, justamente por causa do governo Dilma.
As barbeiragens de sua equipe econômica criaram uma bomba-relógio, e será inevitável um ajuste no mercado de trabalho, especialmente se não houver uma rápida reviravolta na gestão da economia -- algo que ninguém espera partir da própria presidente Dilma.
Não é pessimismo infundado, tampouco alarmismo, caro leitor. Mas recomendo que vá fazendo um “pé de meia” para os dias chuvosos que virão, pois milhares de empregos estão ameaçados por uma política econômica equivocada, refém ideológica do velho nacional-desenvolvimentismo que sempre cobra seu preço depois.