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O Outro Lado Porque tudo tem dois, menos a esfera.

O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Discursos do fingimento
10/09/2014 - Blog de Reinaldo Azevedo - Veja.com

O que os vocalizadores de Marina — que hostilizou os bancos na terça — disseram ao Bank of America na segunda. Ou: Um certo "Comitê de Busca dos Homens de Bem".

Ai, ai… Vamos lá, seguindo sempre a máxima de Voltaire, segundo a qual o segredo de aborrecer é dizer tudo.

Na segunda, as candidatas Dilma Rousseff, do PT, e Marina Silva, do PSB, passaram o dia tentando saber quem gostava menos de banqueiros e de bancos.


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Era o confronto de dois discursos do fingimento.

O PT, a partir de 2003, viveu uma verdadeira lua de mel com o setor -- interrompida pelo atual governo -- não por ideologia, mas por incompetência mesmo.

Dilma, é evidente, não tem moral para chamar Marina de “candidata dos bancos”, moral que também falta a Marina para acusar Dilma de beneficiária da “bolsa banqueiro”.

A petista mandou seu recado aos companheiros do mercado financeiro anunciando a demissão de Guido Mantega caso seja reeleita -- de fato, demitido ele já está agora.

E Marina, mais do que recado, mandou foi uma equipe de emissários para “explicar” seu programa de governo a mais de 500 clientes do Bank of America Merrill Lynch (BofA).

O encontro ocorreu dia 8, num hotel de São Paulo.

Esperem!

Usei a palavra “emissários”?

Em “marinês”, não é assim que se fala: eles são “vocalizadores”.

Foram falar aos “sagazes brichotes”, como os chamaria o poeta Gregório de Matos no século 17, os seguintes “vocalizadores”: Walter Feldman, João Paulo Capobianco; André Lara Resende; Maurício Rands; Beto Albuquerque e Basileo Margarido.

Este blog teve acesso a uma síntese do que se disse lá.

Trata-se, sem dúvida, de um troço bem “sonhático”, o neologismo com que Marina pretende conciliar sonho e pragmatismo.

Alguém quis saber sobre o compromisso anunciado pela candidata com inflação e juros baixos.

Coube a Lara Resende responder.

Inflação, disse, é um sintoma. E começará a ser atacada pela parte fiscal para forçar a queda dos juros.

Tá.

E os preços administrados represados?

Ele respondeu que é um absurdo o estímulo aos combustíveis fósseis.

Os que o ouviram saíram de lá com a impressão de que ele defende um tarifaço de cara para retomar a credibilidade…

Os “vocalizadores” de Marina também acham que o câmbio está valorizado de maneira artificial, e se supõe, então, que a turma pretenda trabalhar com um dólar mais fraco e um real mais forte.

Não se sabe se o mesmo discurso seria empregado com empresários do setor produtivo ligados à exportação, por exemplo. Este tenderia a ficar assustado.

Os “sonháticos” acreditam que a reforma política é a “mãe” de todas as reformas, mas pretendem começar com a tributária, que simplifique a área, o que seria feito aos poucos, de forma fatiada.

Eles também declararam a sua adesão incondicional ao tripé macroeconômico: metas fiscais, de inflação e câmbio flutuante.

No primeiro ano, eles dizem, a meta de inflação poderia ser um pouco maior do que os 4,5%, mas sempre declinante.

O empresariado seria ainda convocado para uma espécie de mutirão da infraestrutura, e a categoria deixaria de ser “tratada como bandida”.

Falou-se até em rever a postura “perversa e autoritária” da Receita Federal.

Ah, sim: como eles gostam duma reunião, seria criado um “Conselho de Responsabilidade Fiscal”, com vários setores da sociedade.

E na política?

Bem, nessa área o bicho pega, e a coisa vai ficando nebulosa, mas todos já estavam encantados com as promessas na área econômica.

O negócio é o seguinte: os “sonháticos” acreditam que a vitória de Marina vai acarretar uma profunda reestruturação partidária no país.

Não!

Ela não estaria preocupada nem com o PSB nem com a Rede.

Apelaria, para usar uma expressão lá empregada, a um “banco de reservas” do PT, do PSDB e de outros partidos.

Querem fazer uma reforma política com unificação das eleições, mandatos de cinco anos e fim da reeleição para cargos executivos.

Comitê de Busca dos Homens de Bem

Afinal, eles asseguram, na “nova política”, as ferramentas são as mesmas, mas o jeito é outro.

Os “vocalizadores” indagaram por que não poderiam escolher os quadros pelo currículo, em vez de falar com o Sarney.

Para isso, pretendem criar um tal “Comitê de Busca dos Homens de Bem”, expressão que foi empregada pela própria Marina na sua visita a Minas, na segunda.

Isso seria sair da “democracia 1.0 para a democracia 2.0”.

A turma quer fazer as reformas política, tributária, fiscal, da Previdência e do Estado.

Mas com que Congresso?

Feldman assegurou que diversos parlamentares já procuram os “marineiros” em nome dessa relação programática e que será criada uma frente suprapartidária.

Talvez não se dando conta exatamente do que falava, Beto Albuquerque, o candidato a vice, lembrou que o “baixo clero” sempre se aproxima de quem vence…

Nem diga!

No mais, darão, sim, importância ao pré-sal; saberão compatibilizar ambientalismo com agronegócio; pretendem fixar metas para cada área; querem um Estado como protagonista da saúde, educação e segurança -- para o resto, contam a com a iniciativa privada --; educação pública em tempo integral e melhoria do SUS, com correção das ineficiências.

Nesse paraíso, só ficam faltando, como se vê, a cobra e a maçã.

Ou será que não?

Todos saíram de lá muito impressionados e achando que Marina, se eleita, será “pró-business”.

Houve quem afirmasse que a conversa lembra, assim, uma “Terceira Via” à moda Tony Blair: amigo dos mercados, mas com um sotaque social.

É…

Em 1997, Blair pôs fim a 18 anos de governo conservador na Grã-Bretanha.

Em 1995, na liderança do Partido Trabalhista, ele fez mudar o conteúdo da famosa Cláusula IV, que havia sido redigida em 1917, ano da Revolução Russa, e que compunha o programa do partido desde 1918.

A original afirmava que os operários só seriam donos de seu trabalho e dele poderiam usufruir plenamente com o fim da propriedade privada. Isso acabou.

Ou por outra: Blair mudou o programa do partido, fortaleceu-o, disputou eleições e venceu.

Do outro lado, estavam os conservadores não menos fortes e organizados.

O plano de Marina, como a gente vê, também expressa uma conversão aos valores de mercado -- e isso é bom! --, mas os seus “vocalizadores” dizem que ela vai governar com os bons, apelando a um Comitê de Busca dos Homens de Bem e apostando numa profunda reorganização partidária.

Pretende, assim, fazer aquela penca de reformas.

Eu, que sou apenas um ucraniano preocupado, pergunto: alguém já combinou com os russos?


  

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