Eita candidata de sorte! 18/09/2014
- Blog de Reinaldo Azevedo - Veja.com
Marina Silva não pode reclamar de falta de sorte. E não estou tentando ser nem engraçado nem sinistro.
Não me refiro à queda do avião, não, mas aos “inimigos” que começam a se apresentar.
Convenham: nem num sonho bom um candidato à Presidência receberia um ataque feroz de José Sarney, o homem que não vai concorrer à reeleição no Amapá porque seria derrotado.
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Marina recebeu ontem um presente divino.
Sarney subiu no palanque de Lobão Filho (PMDB), no Maranhão, que vai perder a eleição no primeiro turno para Flávio Dino, do PC do B, e esculhambou a candidata do PSB à Presidência.
Leiam o que disse na noite de terça-feira:
“A dona Marina, com essa cara de santinha, mas [não tem] ninguém mais radical, mais raivosa, mais com vontade de ódio do que ela. Quando ela fala em diálogo, o que ela chama de diálogo é converter você”.
Vocês sabem como sempre digo tudo, mesmo correndo o risco de aborrecer, né?
Pode até concordar com Sarney em certos aspectos, mas olhem quem está falando…
Sim, é verdade, o seu nome vive sendo citado pela turma de Marina como símbolo do que se deve evitar em política.
Mas me digam: a esta altura, que força política relevante e com um mínimo de seriedade, discordaria?
Receber essa crítica do velho coronel do Maranhão chega a ser uma láurea, uma condecoração.
E ele seguiu adiante, animado pelos gritos de “guerreiro do povo brasileiro”, vindos de uma plateia rigidamente controlada:
“Ela [Marina] pensa que o mundo tem duas partes: uma condenada à salvação e outra à perdição”.
De fato, o mundo não está condenado a essas duas partes, mas o fato é que a política da família Sarney no Maranhão está condenada pela história e pelos números.
Depois de cinquenta anos submetido às vontades do clã, o Estado exibe os piores indicadores sociais do país -- embora, nem de longe, enfrente as condições naturais mais adversas.
O mal do Maranhão é humano. Não vem da natureza nem dos céus.
A partir de hoje, Marina já pode exibir o seu galardão: Sarney não quer que ela seja presidente.