É só um "esquenta" 29/09/2014
- Blog de Reinaldo Azevedo - Veja.com
O debate de ontem à noite na TV Record entre os presidenciáveis foi só um “esquenta” para o encontro final, daqui a quatro dias, quando a Globo realiza o último embate antes do primeiro turno.
As estratégias estão delineadas. A presidente Dilma Rousseff, do PT, que lidera as pesquisas, não vai conseguir se livrar do tema Petrobras -- nem se livrar nem responder coisa com coisa.
A exemplo do que se viu ontem, quando confrontada com os escândalos na estatal, a petista tem como resposta o ataque, despropositado como sempre e ancorado numa falsidade: os adversários criticariam a roubalheira na empresa porque estariam querendo privatizá-la, e ela teria feito tudo o que estava a seu alcance para combater os malfeitores.
PUBLICIDADE
Nem uma coisa nem outra são verdadeiras.
Contra Marina, Dilma encontrou uma arma que se sustenta em fatos, sim.
A presidenciável do PSB, com efeito, quando parlamentar, votou contra a criação da CPMF no governo FHC, embora diga por aí ter votado a favor -- uma inverdade tola, que só lhe custa desgaste.
Dilma a cobrou no ar por isso.
A peessebista poderia ter respondido que seguiu a orientação do PT -- afinal, o partido votava sistematicamente contra todas as propostas do governo tucano.
Mas tentou lá engrolar umas desculpas e acabou se dizendo perseguida pelo jogo bruto dos adversários.
Ficou na defensiva.
Foi a sua pior atuação.
Parece que o jogo pesado alterou um tanto o seu equilíbrio.
O tucano Aécio Neves, como se viu, usou a Petrobras contra Dilma, levou como troco a pecha de privatista -- o que é sabidamente falso -- e voltou a questionar a coerência de Marina, como vem fazendo.
De longe, foi o que teve o melhor desempenho no debate.
Repetidas as performances da noite deste domingo na Globo, é possível que haja uma mudança no cenário?
Vamos ver.
As estratégias estão estabelecidas.
Aécio passou a falar em nome de uma real mudança do país, o que não aconteceria nem com Dilma -- que seria o continuísmo com continuidade -- nem com Marina, a continuidade sem continuísmo.
Dilma abraçou definitivamente a perspectiva reacionária e agora fala em nome do medo: quer que os brasileiros temam um tucano privatista (que não existe; como lembrou o candidato, foi o PT quem privatizou a Petrobras) e alerta para o risco Marina, que estaria sempre mudando de posição.
A candidata do PSB por sua vez evoca a sua retidão moral -- diz ter mudado de partido para não mudar de lado -- e tenta se colocar como a boa vítima dos maus.
Neste domingo, essa personagem ficou meio sem lugar no embate.