Antes, os companheiros não tinham vergonha; depois, foram piorando 02/10/2014
- Blog de Reinaldo Azevedo - Veja.com
Ontem, o candidato tucano à Presidência, Aécio Neves, disse que vai entrar com uma ação criminal contra o ministro Paulo Bernardo, das Comunicações, por ter permitido que os petistas usassem os Correios para fazer campanha político-eleitoral.
Pois é…
A coisa é muito impressionante. Se a Justiça, o Ministério Público e a Polícia Federal quiserem agir, já há duas confissões a respeito: uma explícita, arreganhada mesmo, e outra silenciosa.
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Vamos ver.
Também ontem, o Estadão tornou público um vídeo espantoso.
Numa reunião ocorrida na quinta-feira no comitê do candidato do PT ao governo de Minas, Fernando Pimentel, a que estava presente Wagner Pinheiro, presidente dos Correios, o deputado mineiro e petista Durval Ângelo diz com todas as letras:
“Se, hoje, nós temos a capilaridade da campanha do [Fernando] Pimentel [candidato do PT ao governo de Minas] e da Dilma em toda Minas Gerais, isso é graças a essa equipe dos Correios.”
Ele afirma ainda que “a prestação de contas dos petistas dos Correios será com a vitória do Fernando Pimentel a governador e com a vitória da Dilma”.
Ele achou que tinha sido pouco explícito e avançou um pouco mais na pornografia política:
“A Dilma tinha em Minas Gerais, em alguns momentos, menos de 30%. Se, hoje, nós estamos com 40% em Minas Gerais, tem dedo forte dos petistas dos Correios. Então, queremos que você leve à direção nacional do PT, que eu também faço parte do diretório, mas também à direção nacional da campanha da Dilma, a grande contribuição que os Correios estão fazendo.”
Atenção, senhores leitores!
Wagner Pinheiro, que preside a estatal, estava na mesa e não disse uma palavra. Anuiu com tudo.
Admitiu, portanto, que os Correios foram e estão sendo usados nas campanhas de Dilma e Pimentel.
Na semana retrasada, como vocês se lembram, reportagem do Estadão revelou que 4,8 milhões de panfletos de Dilma foram distribuídos pelos Correios sem a estampa ou chancela digital, que é a prova de que houve pagamento.
Em nota, a empresa nega estar sendo instrumentalizada pelo PT.
Seria impossível dizer o contrário, certo?
O deputado Durval Ângelo, acreditem, também emitiu uma nota afirmando que se tratou de uma reunião normal:
“Não há qualquer adesão da empresa Correios, mas de pessoas, que, como quaisquer outras, têm o direito constitucional de, como cidadãs, se engajarem politicamente. Ademais, durante o processo eleitoral, a manifestação de apoio por parte de uma categoria é um ato comum e democrático”.
Pois é…
Ao tratar dos descalabros na Petrobras em outro post, indaguei se uma empresa estatal, nas condições brasileiras, conseguiria se adaptar a regras internacionais de “compliance”.
A resposta, obviamente, é “não”.
Tenho de encerrar este comentário lembrando que um único ex-funcionário da petroleira, Paulo Roberto Costa, está disposto a devolver R$ 70 milhões que foram roubados da empresa…
Não tem jeito!
Os “companheiros” acham que as estatais pertencem a eles, não ao estado ou ao povo brasileiro.
Os “companheiros” as transformam em braços de sua atuação sindical ou partidária.
Os “companheiros”, em suma, as privatizaram a seu modo e acham que já podem confessar isso sem nenhum temor nem perigo.
Quem sabe um dia esse povo canse de ser roubado ou espoliado.
Enquanto isso não acontecer, continuaremos a ser… roubados e espoliados.