Basta de PT 09/10/2014
- MARCO ANTONIO VILLA - O GLOBO
Estamos vivendo um momento histórico. A eleição presidencial de 2014 decidirá a sorte do Brasil por 12 anos.
Como é sabido, o projeto petista é se perpetuar no poder.
Segundo imaginam os marginais do poder -- feliz expressão cunhada pelo ministro Celso de Mello quando do julgamento do mensalão --, a vitória de Dilma Rousseff abrirá caminho para que Lula volte em 2018 e, claro, com a perspectiva de permanecer por mais 8 anos no poder.
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Em um eventual segundo governo Dilma, o presidente de fato será Lula. Esperto como é, o nosso Pedro Malasartes da política vai preparar o terreno para voltar, como um Dom Sebastião do século XXI, mesmo que parecendo mais um personagem de samba-enredo ao estilo daquele imortalizado por Sérgio Porto.
Diferentemente de 2006 e 2010, o PT está fragilizado.
Dilma é a candidata que segue para tentar a reeleição com a menor votação obtida no primeiro turno desde a eleição de 1994.
Seu criador foi derrotado fragorosamente em São Paulo, principal colégio eleitoral do país.
Imaginou que elegeria mais um poste.
Não só o eleitorado disse não como não reelegeu o performático e inepto senador Eduardo Suplicy, e a bancada petista perdeu oito deputados na Assembleia Legislativa e seis na Câmara dos Deputados.
A resistência e a recuperação de Aécio Neves foram épicas. Em certo momento da campanha, parecia que o jogo eleitoral estava decidido. Marina Silva tinha disparado e venceria -- segundo as malfadadas pesquisas.
Ele manteve a calma até quando um dos seus coordenadores de campanha estava querendo saltar para o barco da ex-senadora. E, neste instante, a ação das lideranças paulistas do PSDB foi decisiva.
Geraldo Alckmin poderia ter lavado as mãos e fritado Aécio. Mas não o fez, assim como José Serra, o senador mais votado do país com 11 milhões de votos.
Foi em São Paulo que começou a reação democrática que o levou ao segundo turno com uma vitória consagradora no estado onde nasceu o PT.
Esta campanha eleitoral tem desafiado os analistas. As interpretações tradicionais foram desmoralizadas.
A determinação econômica -- tal qual como no marxismo -- acabou não se sustentando.
É recorrente a referência à campanha americana de 1992 de Bill Clinton e a expressão “é a economia, estúpido”.
Com a economia crescendo próximo a zero, como explicar que Dilma liderou a votação no primeiro turno?
Se as alianças regionais são indispensáveis, como explicar a votação de Marina?
E o tal efeito bumerangue quando um candidato ataca o outro e acaba caindo nas intenções de voto?
Como explicar que Dilma caluniou Marina durante três semanas, destruiu a adversária e obteve um crescimento nas pesquisas?
Se Lula é o réu oculto do mensalão, o que dizer do doleiro petista Alberto Youssef?
Imagine o leitor quando o depoimento -- já aceito pela Justiça Federal -- for divulgado ou vazar?
De acordo com o ministro Teori Zavascki, o envolvimento de altas figuras da República faz com que o processo tenha de ir para o STF.
E, basta lembrar, segundo o doleiro, que só ele lavou R$ 1 bilhão de corrupção da Refinaria Abreu e Lima.
Basta supor o que foi desviado da Petrobras, de outras empresas e bancos estatais e dos ministérios para entender o significado dos 12 anos de petismo no poder.
É o maior saque de recursos públicos da História do Brasil.
Nesta conjuntura, Aécio tem de estar preparado para um enorme bombardeio de calúnias que irá receber.
Marina Silva aprendeu na prática o que é o PT. Em uma quinzena foi alvo de um volume nunca visto de mentiras numa campanha presidencial que acabou destruindo a sua candidatura.
Não soube responder porque, apesar de ter saído do PT, o PT ainda não tinha saído dela.
Ingenuamente, imaginou que tudo aquilo poderia ser resolvido biblicamente, simplesmente virando a face para outra agressão.
Constatou que o PT tem como princípio destruir reputações. E ela foi mais uma vítima desta terrível máquina.
O arsenal petista de dossiês contra Aécio já está pronto.
Os aloprados não têm princípios, simplesmente cumprem ordens. Sabem que não sobrevivem longe da máquina de Estado.
Contarão com o apoio entusiástico de artistas, intelectuais e jornalistas.
Todos eles fracassados e que imputam sua insignificância a uma conspiração das elites. E são milhares espalhados por todo o Brasil.
Teremos o mais violento segundo turno de uma eleição presidencial.
O que Marina sofreu, Aécio sofrerá em dobro. Basta sinalizar que ameaça o projeto criminoso de poder do petismo.
O senador tucano vai encontrar pelo caminho várias armadilhas. A maior delas é no campo econômico.
O governo do PT gestou uma grave crise. Dilma foi a terceira pior presidente da história do Brasil republicano em termos de crescimento econômico. Só perdeu para Floriano Peixoto -- que teve no seu triênio presidencial duas guerras civis -- e Fernando Collor -- que recebeu a verdadeira herança maldita: uma inflação anual de quatro dígitos.
O PT deve imputar a Aécio uma agenda econômica impopular que enfrente radicalmente as mazelas criadas pelo petismo.
Daí a necessidade imperiosa de o candidato oposicionista deixar claro -- muito claro -- que quem fala sobre como será o seu governo é ele -- somente ele.
Aécio Neves tem todas as condições para vencer a eleição mais difícil da nossa história.
Se Tancredo Neves foi o instrumento para que o Brasil se livrasse de 21 anos de arbítrio, o neto poderá ser aquele que livrará o país do projeto criminoso de poder representado pelo PT.
E poderemos, finalmente, virar esta triste página da nossa história.