Depoimento de Paulo Roberto atinge o coração do PT e a campanha de Dilma em 2010 09/10/2014
- Blog de Reinaldo Azevedo - Veja.com
O PT está numa enrascada. O pior é que, a depender do resultado das urnas, o Brasil também.
Vamos ver, como diria o poeta Horácio -- na bela ode em que homenageia a sua Leuconoe --, que destino os deuses nos reservam.
Conforme for, a pessoa que encabeçar o próximo quadriênio na Presidência da República não chegará ao fim do mandato, que pode ser abreviado ou pela Justiça ou por um processo de impeachment.
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Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, prestou seu primeiro depoimento à Justiça depois do acordo de delação premiada.
Ele sabe que, caso comece a dizer sandices e invencionices, o pacto é desfeito, e ele arca não só com o peso inicial dos delitos cometidos como com sanções novas.
Assim, deve-se, quando menos, prestar atenção ao que diz.
Paulo Roberto afirmou com todas as letras que o esquema corrupto que ele operava na Petrobras para políticos recebia 3% do valor líquido dos contratos com a estatal.
A fonte principal da corrupção é a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
Ela foi orçada em US% 2,5 bilhões e já está em US$ 19 bilhões e ainda não começou a funcionar.
O dinheiro era dividido entre ele próprio e três partidos: PT, PMDB e PP.
Segundo a PF, a quadrilha chegou a movimentar R$ 10 bilhões na estatal.
Sim, dez BILHÕES!
Teriam atuado no esquema Sérgio Machado, presidente da Transpetro -- de quem Paulo Roberto admite ter levado uma propina de R$ 500 mil --, Nestor Cerveró, Jorge Zelada e o petista Renato Duque, todos ex-diretores da estatal.
Mas não só.
José Eduardo Dutra, atual diretor Corporativo e de Serviços, também seria ligado ao grupo.
Pois é…
Dutra foi um dos coordenadores da campanha de Dilma Rousseff à Presidência em 2010.
Pertencia ao trio que Dilma apelidou de “Os Três Porquinhos”.
Os outros “porquinhos” eram José Eduardo Cardozo, atual ministro da Justiça, e Antonio Palocci, que, segundo Paulo Roberto, pediu R$ 2 milhões ao esquema em 2010 para pagar contas da campanha de Dilma.
Nestor Cerveró, um dos acusados por ele, é o homem que organizou a operação de compra da refinaria de Pasadena, que, segundo o TCU, deu um prejuízo à empresa de US$ 792 milhões.
Na delação premiada, Paulo Roberto já confessou que levou propina também nessa operação.
Dilma, à época, era presidente do Conselho e alegou não saber de nada.
Logo depois, Cerveró deixou o cargo, mas a já presidente Dilma o nomeou para ser diretor financeiro da BR Distribuidora.
Renato Duque sempre foi considerado o homem do PT na Petrobras e ocupou a poderosa Diretoria de Serviços entre 2003 e 2012.
Jorge Zelada, ex-diretor da Área Internacional, foi indicação do PMDB.
Até onde vai Paulo Roberto Costa?
Insisto: ele conhece os termos de uma delação premiada.
Se falsear ou se tentar induzir a Justiça a erro, em vez da liberdade possível, ficará mofando na cadeia por muitos anos.
Todos têm direito de se defender e certamente o farão.
O fato é que Paulo Roberto Costa está dizendo que a campanha eleitoral do PP, do PMDB e do PT -- inclusive da então candidata Dilma Rousseff -- foi em parte financiada com dinheiro sujo, roubado da Petrobras.
E agora?
Se Paulo Roberto Costa estiver certo, a Papuda será pequena para abrigar tantos tubarões.