Diante da corrupção, Lula quer cabeça erguida 10/10/2014
- Blog de Reinaldo Azevedo - Veja.com
Luiz Inácio Lula da Silva afirmou estar com o saco cheio. Imaginem, então, como está o nosso -- nós, que somos as vítimas de um tipo de política de que ele é o grande chefe.
Ontem, dados os absurdos e descalabros que emanavam dos depoimentos de Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, o Babalorixá de Banânia não quis falar.
Deixou para vociferar na plenária do PT, a primeira depois da eleição do dia 5, realizada no Sindicato dos Bancários.
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E, aí sim, bufou, vociferou cheio de ódio, vermelho como um pimentão. As sobrancelhas estavam arqueadas. Havia ódio em seu rosto.
Sabem o que recomendou aos militantes?
“Não abaixar a cabeça.”
Sim, Lula quer que eles sintam orgulhosos.
Afirmou sobre a roubalheira na Petrobras: “Todo ano é a mesma coisa. É sempre o mesmo cenário: eles começam a levantar as denúncias, que não precisam ser provadas. É só insinuar que a imprensa já dá destaque. Eu quero dizer para vocês que eu já estou de saco cheio”.
Assim seria se assim fosse: a operação Lava Jato não foi deflagrada pela imprensa, senhor Lula, mas pela Polícia Federal -- por aquela parte dela que investiga sem perguntar a filiação partidária do investigado.
A imprensa também não atuou como Ministério Público nem como Justiça. Tampouco propôs o acordo de delação premiada.
Como?
“Levantar denúncias”?
Desta vez, Lula, o PT se encalacrou.
Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef admitem terem cometido os crimes.
Alguém acha mesmo que eles atuariam sem a proteção de um esquema político?
Lula está bravo porque foi ele próprio quem nomeou Paulo Roberto.
E foi adiante com a retórica elegante de sempre:
“Daqui a pouco, eles estarão investigando como nós nos portávamos dentro do ventre da nossa mãe”.
Deus me livre!
Pouco me interessa como o homem se portava no ventre daquela senhora.
Mas as sem-vergonhices havidas na Petrobras, ah, isso é assunto meu, seu, de todos nós.
O poderoso chefão petista parece não se conformar com isso.
Entendo.
Ele se acostumou com a ideia de que é dono do Brasil.
Referindo-se ao PSDB, afirmou:
“Nós não podemos admitir que um partido bicudo venha nos chamar de corruptos”.
Epa!
Não é um partido bicudo, Lula!
Os parceiros do petismo é que decidiram confessar.
O ex-presidente, gostemos ou não, é um líder político. Essa sua fala é desastrosa para a moralidade pública.
Ela serve de sinal verde para a lambança.
Sua cara de pau não tem limites. Continua a negar que o mensalão tenha existido, apesar das provas e das confissões de Marcos Valério.
Parece que decidiu, agora, fazer o mesmo no caso da Petrobras.
Estranha essa reação.
Estaria Lula aplicando uma espécie de vacina contra o que virá, numa reação preventiva?
Ah, sim: na plenária, ele disse não entender o resultado pífio do PT em São Paulo.
Falou isso ladeado por Alexandre Padilha, Fernando Haddad e Eduardo Suplicy, entre outros…