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O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

É máfia mesmo!
11/11/2014 - Blog de Reinaldo Azevedo - Veja.com

Dia desses, quem deitava falação num grande veículo da imprensa brasileira?

Ele: Henrique Pizzolato.

Para quê? Ora, para sustentar que o mensalão não existiu.


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Condenado a 12 anos e sete meses por peculato, que é roubo de dinheiro público, corrupção passiva e lavagem de dinheiro; foragido da Justiça brasileira; processado por ter entrado na Itália com documentos falsos, a palavra lhe foi franqueada para que desancasse a Justiça brasileira e as oposições, para cantar as glórias de Lula e do petismo e para bater no peito e jurar inocência.

Logo, daremos a Marcola, o chefão do PCC, o direito ao “outro lado”.

E vamos dar a outra face ao capeta.

Tenham paciência!

Por que essa introdução?

Porque não é só Pizzolato que jura que o mensalão não existiu.

Repetem essa mesma ladainha Lula, a cúpula do PT e alguns colunistas que só não estão de joelhos porque é uma posição desconfortável para lamber os sapatos do petismo.

Pois bem: algo importante se deu na 13ª Vara da Justiça Federal do Paraná ontem, segunda.

Alberto Youssef, o doleiro enroscado na operação Lava Jato, não apenas confirmou a existência do mensalão -- ninguém precisava dele para isso; é claro que existiu! -- como demonstrou os vasos comunicantes entre aquele escândalo e o petrolão.

Atenção!

Youssef já aparecia no escândalo do mensalão.

Isso não é o novo.

O depoimento desta segunda, diga-se, prestado ao juiz Sérgio Moro e ao procurador da República Roberson Pozzobon, é parte da ação penal em que o doleiro é acusado de ter lavado a origem ilícita de R$ 1,16 milhão recebido pelo então deputado José Janene (PP), já morto, no âmbito do mensalão.

O doleiro deixou claro que administrava com Janene uma espécie de conta conjunta.

O dinheiro era distribuído, segundo ele, a “agentes públicos e políticos”, por orientação do deputado.

Para tanto, usava um outro doleiro, Carlos Habib.

Até aí muito bem.

Prestem atenção agora ao ponto que interessa.

O juiz Moro perguntou a Youssef qual era a origem do dinheiro.

E ele respondeu: “Comissionamento de empreiteiras”.

O juiz insistiu: “Decorrente de contratos com a administração pública em geral, propinas?”.

E o homem confirmou: “Sim, senhor, excelência”.

Confirma-se, assim, aquilo de que sempre se suspeitou.

Tudo o que ficamos sabendo do mensalão foi, para usar um clichê que eu detesto, mas que se faz inevitável, a ponta do iceberg; conhecemos, na verdade, apenas uma das cabeças da hidra.

Como se percebe pelo depoimento de Youssef, o desvio do Fundo Visanet, do Banco do Brasil -- da ordem R$ 76 milhões -- não foi a única grana pública movimentada pelo mensalão.

Os dois esquemas de ladroagem tinham vasos comunicantes.

O mais impressionante é que, enquanto uma das cabeças do monstro estava sob escrutínio, as outras operavam a todo vapor.

Esse depoimento de Youssef é mais sério e importante do que parece.

Sim, o mensalão existiu -- e disso nós sabíamos.

Existiu e movimentou mais dinheiro público do que estávamos informados.

Espantoso é saber que a máfia não se intimidou nem com o processo que estava em curso no STF, tal era a certeza da impunidade.

E que se note, para arrematar: até agora, a gente não sabe quem era o “capo di tutti i capi”, o chefe dos chefes.

Porque não se enganem: uma roubalheira dessa dimensão, com tantas frentes, que pode gerar desentendimentos entre os quadrilheiros, tem sempre alguém que bate na mesa para desempatar o jogo.

Saberemos algum dia?


  

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