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O Outro Lado Porque tudo tem dois, menos a esfera.

O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Sabem que importância tem o acordo entre Obama e os Irmãos Castro?
18/12/2014 - Blog de Reinaldo Azevedo - Veja.com

Cuba é um fetiche. Datado, sim, mas ainda um fetiche. Para esquerdistas e direitistas.

Que importância efetiva tem no mundo?

Nenhuma!


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De que forma pode interferir nos destinos do Planeta ou que peso político tem no Caribe ou na América Latina?

Inferior a zero.

Do país, restou a memória de uma revolução que seduziu esperançosos e incautos e que terminou numa ditadura feroz, ainda capaz de arreganhar os dentes ao menos aos nativos.

A chamada Crise dos Mísseis, em 1962, reforçou o simbolismo.

Krushev, o líder soviético, mandou instalar mísseis nucleares em Cuba, em suposta resposta à decisão americana de instalar esse armamento na Turquia, na Itália e na Grã-Bretanha.

Teve de sair com o rabo entre as pernas.

O presidente Kennedy endureceu o jogo, e o mundo chegou bem perto de uma guerra nuclear.

O líder soviético acabou retirando toda aquela estrovenga na ilha.

Se querem mais informações a respeito, assistam ao magnífico documentário “Sob a Névoa da Guerra: Onze Lições da Vida de Robert S. McNamara”, de Errol Morris, lançado em dezembro de 2003.

McNamara foi o secretário de defesa dos EUA entre 1961 e 1968 e conta detalhes impressionantes daquela crise.

Adiante.

Depois de uma troca de prisioneiros, o presidente Barack Obama decidiu normalizar, no limite do possível, as relações com a Cuba dos irmãos Castro.

Haverá troca de embaixadores, as restrições para o envio de dinheiro à ilha diminuirão, poderá haver cooperação tecnológica etc.

Ainda não é o fim do embargo, o que só pode ser decidido pelo Congresso dos EUA.

Atenção: a divisão, nesse caso, não se dá entre democratas e republicanos.

Nos dois partidos, há ferozes críticos dessa aproximação.

Dificilmente o embargo chegará ao fim enquanto Cuba não permitir eleições livres e enquanto o país funcionar em regime de partido único.

O embargo, como já deixei claro aqui em outro texto, nada tem a ver com a penúria em que vivem os cubanos, mas fornece munição ideológica a Fidel e Raúl Castro.

Se caísse amanhã, o país seguiria sendo uma fazendola de ditadores jecas.

O alarido que se faz por aí em razão desse acordo, mediado pelo papa Francisco, remete a um mundo que já não há, ainda que Cuba tenha deixado alguns maus resquícios na consciência latino-americana.

Regimes excrescentes como o venezuelano, o equatoriano, o boliviano e o nicaraguense são filhos diletos do castrismo.

São ditaduras mitigadas, mas ditaduras ainda assim.

Não deixa de ser curioso que o governo americano busque a aproximação com Cuba quando impõe sanções à Venezuela, que, bem, ainda não é um regime cubano, mas sonha ser.

Obama logra um pequeno êxito, em meio a uma notável coleção de desastres em política externa, e os Castros conseguem uma folguinha e dão uma aparência mais civilizada à ditadura.

Só para constar: o regime comunista de Cuba, ainda em vigência, é um dos mais criminosos do planeta.

Estimam-se em 100 mil os mortos de sua “revolução” -- 17 mil fuzilados, e os demais, creiam, afogados, tentando deixar o país.

Doze milhões de cubanos moram na ilha, mas os exilados passam de dois milhões.

O regime castrista criou o primeiro campo de concentração da América Latina.

O país ainda prende pessoas por delito de opinião e conserva presos políticos em suas masmorras.

Reitero: não tem mais importância nenhuma, mas restou, para os esquerdistas nada preocupados com os direitos humanos, como símbolo da luta anti-imperialista.

Para os anticomunistas, como símbolo do horror de que são capazes as esquerdas quando chegam ao poder.

Assim, meus caros, deixo claro: sabem qual é o impacto que tem no mundo o acordo costurado entre Obama e os Irmãos Castro?

Inferior a zero.

Mas rende notícia que é uma barbaridade.

Só para não deixar passar: quem mantém relações especiais com Cuba, estes sim, são os petistas, aqui do Brasil.

Afinal, a ilha recebe quase R$ 1 bilhão por mês em razão do programa “Mais Médicos”.

Todo mundo sabe que o dinheiro sai.

Se, depois, ele volta, não há como saber.

Ditaduras não gostam de fornecer informações.

E, não custa lembrar, o Brasil financiou a construção do porto de Mariel com verbas do BNDES.

Quanto?

A informação é considerada sigilosa.

Cuba não tem importância, mas pode servir a propósitos nem sempre transparentes dos países amigos.


  

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