Se Dilma tiver ao menos 5% de juízo, Graça Foster sai agora 22/12/2014
- Blog de Reinaldo Azevedo - Veja.com
É detestável que a Petrobras me obrigue a interromper aquele que é, a rigor, meu primeiro dia de férias.
E por quê?
Porque entregaram a empresa a uma quadrilha, e essa quadrilha, por sua vez, era a operadora de um projeto de poder que tem como protagonista um partido político.
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Já chego lá.
Estava viajando quando o Fantástico foi ao ar na noite deste domingo.
Assisti à entrevista de Venina Velosa da Fonseca, a executiva da estatal que botou a boca no trombone, na reapresentação do programa, na GloboNews.
Se Dilma tiver ao menos 5% de sua avantajada cabeça tomada pelo juízo, Graça Foster amanhece ex-presidente da Petrobras nesta terça.
Aliás, a própria Graça poderia fazer um favor à sua amiga e cair fora.
Não resta dúvida: Venina advertiu, sim, Graça para uma série de desmandos na Petrobras.
Também José Carlos Cosenza, atual diretor de Abastecimento e sucessor de Paulo Roberto Costa, tomou conhecimento das denúncias.
Sérgio Gabrielli, ex-presidente da empresa, idem.
Os e-mails são evidentes.
Se Venina só veio ou não a público em razão de algum ressentimento, isso é irrelevante.
Ela reafirmou todas as suas denúncias na entrevista ao Fantástico, deixou claro que a diretoria sabia de tudo e disse ter fornecido documentos ao Ministério Público Federal.
Dilma confia em Graça?
Pior para o país.
Venina está determinada e parece disposta, se preciso, a enfrentar a presidente da Petrobras cara a cara.
Aliás, o comando da emprsa insiste em desqualificar aquela que, até outro dia, era considerada tão competente que até mereceu um alto cargo em Cingapura.
E que se note: o caso de Venina é muito diferente do de seu ex-chefe Paulo Roberto.
Ela não é investigada em nada.
Contar o que sabe não lhe traz vantagem nenhuma -- a rigor, só lhe causa prejuízo.
Mesmo assim, sem contar com nenhum benefício futuro, como Paulo Roberto ou Alberto Youssef, decidiu dizer o que sabe.
Venina reafirmou que, ao confrontar Paulo Roberto sobre superfaturamento, este teria apontado para o retrato de Lula, então presidente da República, e para a sala de Gabrielli, indagando:
“Você quer derrubar todo mundo?”
É evidente que, ao dizê-lo, o então diretor de Abastecimento sugeria que Lula sabia de tudo.
Não, eu não vou abandonar a minha tese!
A Petrobras não é exceção, mas regra.
O que se viu na estatal se repete em toda parte.
É um método.
E quem o comprova é Rui Falcão, presidente do PT.
Neste domingo, no Estadão, Falcão confessa que o partido está mapeando os cargos do governo federal nos Estados para fazer o que ele chama de “recall”.
Nas suas palavras:
“Estamos fazendo um mapa dos cargos federais nos Estados para saber quem é quem, quem indicou, qual a avaliação que a gente tem disso, e fazer uma proposta de nomes à presidente”.
É claro que ele deveria ter vergonha de dizer essas coisas, mas ele não tem.
É que o PT pode perder alguns cargos na Esplanada dos Ministérios, e os companheiros já estão pensando uma forma de compensação.
Um desastre como o que está em curso na Petrobras é parte de um modo de entender a coisa pública.
Será que o Projeto Reinaldo Ensolarado começa nesta segunda?
No país em que a política é caso de polícia, nunca se sabe.