O annus horribilis da Petrobras 30/12/2014
- Blog de Rodrigo Constantino - Veja.com
Este 2014 que chega ao fim ficará marcado como “o ano da Petrobras”, ou, para ser mais preciso, o “annus horribilis” da estatal.
A maior empresa do país, controlada pelo estado, ocupou boa parte do noticiário. Não necessariamente econômico. As páginas policiais ganharam destaque com o escândalo do “petrolão”, o maior esquema de corrupção já descoberto em nossa República.
O resultado deste fluxo incessante de notícias sobre a empresa estatal foi uma enorme volatilidade de suas ações na bolsa de valores. O fator político predominou, mas o impacto dos decepcionantes resultados econômicos também não foi nada desprezível.
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A estatal, que ainda não divulgou o balanço do terceiro trimestre devido aos problemas do escândalo de corrupção, apresentou uma queda de 25% no lucro líquido no primeiro semestre em relação ao mesmo período do ano anterior, assim como uma queda de 11% na geração bruta de caixa. A produção ficou praticamente estagnada, apesar do bilionário programa de investimentos.
Como resultado de tudo isso, a Petrobras, que valia R$ 223 bilhões no final de 2013, está com um valor de mercado de apenas R$ 130 bilhões hoje, e uma dívida líquida acima de R$ 240 bilhões.
A estatal perdeu mais de R$ 90 bilhões de valor somente neste ano, com enorme volatilidade no mercado.
As ações chegaram a subir mais de 50% no começo do ano, para depois despencarem quase 60% e terminarem o ano caindo mais de 35%.
Apesar de tanta volatilidade, o fato lamentável é que a empresa não mudou sua tendência básica, que é de queda consistente.
Em suma, o ano de 2014 será marcado pelo escândalo do “petrolão”, mas em termos de destruição de valor da estatal será, infelizmente, apenas mais um ano de queda acentuada, mais do mesmo.
Seja por incompetência, seja por corrupção, há um processo em curso que tem feito com que a Petrobras perca cada vez mais valor.
O que esperar de mais quatro anos de Dilma no poder? Há fundo no poço? Os investidores vão manter alguma esperança de reversão ou pretendem jogar a toalha de vez?
Não tenho essas respostas, mas fecho com um alerta feito por Einstein: insanidade é fazer tudo igual novamente e esperar resultados diferentes.