Oposição conectada à realidade, mas unida? 03/01/2015
- Blog de Rodrigo Constantino - Veja.com
O senador Aécio Neves concedeu uma ótima entrevista a Joice Hasselmann, na TVeja.
Mostra um misto de firmeza na posição inegável de líder da oposição, com humildade, ao reconhecer que o fenômeno é muito maior do que uma só pessoa.
Há, pela primeira vez, uma oposição desperta, ciente de seu papel fundamental no avanço da nossa democracia.
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Algo que tomou conta do país todo, como reação aos descalabros da gestão petista.
Aécio se mostrou preocupado com o aparelhamento da máquina estatal, principalmente no Supremo Tribunal.
Lembrou que a sabatina de ministros nos Estados Unidos pode levar meses, enquanto aqui virou um momento bizarro de elogios ao indicado.
O senador tucano pretende inclusive apresentar um projeto de lei para dificultar esse tipo de coisa.
Uma oposição acordada jamais teria deixado passar a indicação de um Dias Toffoli para o STF, por exemplo.
Voltou a falar dos escândalos da Petrobras também, sem receio de afirmar que há uma quadrilha montada dentro da estatal.
Disse que é fundamental investigar mais a fundo o caso, não apenas na Petrobras, mas em outras empresas públicas.
Há claros indícios de que o esquema não se restringiu ao caso da Petrobras.
Aécio disse se sentir indignado com tudo isso, como milhões de brasileiros.
Perplexidade é a palavra que define seus sentimentos.
A institucionalização da corrupção precisa ser combatida.
O PT tem apenas um projeto de poder.
O presidente do PSDB está confiante de que teremos pela primeira vez uma oposição vigorosa nos próximos anos, rejuvenescida.
Joice fez perguntas diretas, colocando Aécio “contra a parede”.
Mas o entrevistado se saiu bem, respondendo sem rodeios.
Como no caso de Lula, que o chamou de “playboyzinho” e que estaria tão apavorado porque realmente temia uma vitória de Aécio, pois seu governo colocaria ordem no país e acabaria com essa “pouca vergonha” toda, inclusive com as boquinhas do próprio ex-presidente.
Falou da derrota surpreendente em Minas Gerais e reconheceu, com humildade, que a derrota tem um fator pedagógico importante, mais até do que a vitória.
Assumiu a responsabilidade pela derrota, sem jogar a culpa em ombros alheios, como os petistas costumam fazer.
Mas tampouco se furtou de constatar que estamos diante de um estelionato eleitoral, e ainda citou o uso criminoso de estatais na campanha do PT.
Parece ciente do esforço que será necessário para derrotar o PT.
E é bom que seja assim, pois já ficou claro que sem muito esforço, feito com antecedência, será impossível vencer a máquina estatal colocada a serviço do PT.
Outro tucano de peso, Geraldo Alckmin, também aproveitou seu discurso feito na posse para espetar o atual governo, ao dizer que São Paulo tem rejeitado a “ilusão do populismo fácil”.
Ao rejeitar o que chamou de “falso dilema”, Alckmin constatou que “não é preciso fraudar a boa fé do povo brasileiro para fazer justiça social”.
Ambos, Aécio e Alckmin, são bons nomes dentro do universo tucano para enfrentar o PT em 2018.
É bom que os dois estejam com vontade de representar a oposição insatisfeita, indignada, cansada dessa banalização da corrupção promovida pelo PT.
Desde que a disputa interna do PSDB não acabe por enfraquecer a oposição.
Aécio teve a sabedoria de se esquivar dessa pergunta sobre a chapa de 2018, reconhecendo que é um privilégio ter mais de uma possibilidade para liderar a campanha contra o petismo.
É importante que as vaidades e ambições individuais fiquem mesmo em segundo plano, pois o Brasil precisa de uma oposição não apenas conectada à realidade, mas unida de verdade em prol de um projeto novo que coloque finalmente no passado essa época vergonhosa de bandidagem, incompetência e mediocridade.