Um governo desiquilibrado 07/01/2015
- Carlos Chagas*
Parece inegável faltar equilíbrio ao governo Dilma, neste início do segundo mandato.
O ministério afinal composto carece de unidade e de um roteiro de ação.
Não há plano diretor ou programa para a maioria dos ministros executarem.
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Assim, vão preferindo ficar em silêncio diante da necessidade de orientar os subordinados.
Aliás, sem saber direito quais escolherão e quais cairão de paraquedas em seus gabinetes.
A equipe econômica, reduzida à troika Joaquim Levy, Nelson Barbosa e Alexandre Tombini, responde diretamente à presidente da República, como ficou claro no grotesco episódio em que o ministro do Planejamento precisou desmentir-se nos novos cálculos do salário mínimo, que anunciou e engoliu depois de admoestado pela chefe.
Aloizio Mercadante não dará palpites na política econômica, mas monitora os demais ministros do setor, inclusive Katia Abreu, da Agricultura, Armando Monteiro, do Desenvolvimento e Guilherme |Afif, da Pequena e Média Empresa, entre outros conservadores. A Casa Civil também terá influência relativa sempre que cuidar do diálogo com o Congresso, teoricamente nas mãos de Pepe Vargas, das Relações Institucionais.
Miguel Rosseto, da Secretaria Geral, não se contentará com os sindicatos e as organizações da sociedade civil, mas aguarda a luz verde no semáforo plantado na soleira de seu escritório.
Eduardo Braga, das Minas e Energia, recebeu o conselho de afastar-se da Petrobras, a ele subordinada, enquanto George Hilton, dos Esportes, está banido da organização das Olimpíadas de 2016.
Não teria fim a lista de bate-cabeças entre os 39 ministros e suas funções, excluídos, é claro, aqueles que nenhuma relação tem com os setores pelos quais deveriam responder.
A situação dos supérfluos é menos aguda do que a dos ministros de primeira classe, mas nem por isso mais tranquila.
No meio da confusão indaga-se qual será o primeiro a pedir as contas ou a receber bilhete azul, disposta a maior parte da equipe a nem passar pela porta do palácio do Planalto.
Até com a certeza de que não serão convidados a entrar.
Conforme o português castiço, um governo sem equilíbrio é um governo desequilibrado.