Cerveró: O que Dilma nunca explicou sobre este senhor 14/01/2015
- Blog de Reinaldo Azevedo - Veja.com
Nestor Cerveró, ex-diretor da área Internacional da Petrobras e um dos principais investigados na Operação Lava Jato, foi preso no começo da madrugada desta quarta no Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio, ao desembarcar de um voo vindo de Londres -- segundo outros passageiros, ele estava na primeira classe.
Sabem como é… Ninguém é de ferro.
A operação foi realizada pela Polícia Federal, cumprindo ordem de prisão preventiva expedida pela Justiça.
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Em nota, o Ministério Público afirma haver “indícios de que o ex-diretor continua a praticar crimes”.
O MP informa ainda que, nesta terça, realizaram-se mandados de busca e apreensão na casa de Cerveró e de parentes.
Atenção! Essa operação foi motivada, diz a nota, por “seu envolvimento em novos fatos ilícitos relacionados aos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro”.
O que se conclui é que os documentos recolhidos nessa ação justificaram o pedido e o mandado de prisão preventiva.
Para o Ministério Público, “a custódia cautelar é necessária, também, para resguardar as ordens pública e econômica, diante da dimensão dos crimes e de sua continuidade até o presente momento, o que tem amparo em circunstâncias e provas concretas do caso”.
Com base em informações fornecidas pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), o MP constatou que, tão logo a Justiça acatou a denúncia contra Cerveró, o ex-diretor tentou transferir R$ 500 mil para a conta de sua filha -- 20% da uma aplicação financeira --, a quem doou, recentemente, três apartamentos.
Comprados por R$ 560 mil, o MP garante que eles valem pelo menos R$ 7 milhões.
Cerveró era um peixão da Operação Lava Jato que estava fora da cadeia.
O MP o acusa de ter recebido US$ 40 milhões de propina em 2006 e 2007 ao intermediar a contratação de navios-sonda da Petrobras.
Ele é ainda protagonista, como se sabe, de outro caso rumoroso, que não está sendo investigado nessa operação: a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, que, segundo o TCU, rendeu à estatal brasileira um prejuízo de US$ 792 milhões.
Quando estava tentando se livrar do abacaxi, a presidente Dilma Rousseff disse que Cerveró fez um memorial omisso sobre a aquisição, ocultando a cláusula que impunha à empresa brasileira a compra da outra metade da refinaria americana.
Muito bem!
Cerveró deixou a área Internacional da Petrobras em 2008.
O que Dilma nunca explicou é por que ela própria o reconduziu a uma subsidiária da empresa: no dia 16 de junho de 2011, ele foi nomeado diretor financeiro da poderosa BR Distribuidora, de onde só foi demitido no dia 21 de março do ano passado, quando o caso Pasadena já estava fervendo.
Cerveró, tudo indica, tem muitas explicações a dar.