Amigos, amigos. Negócios à parte? 15/01/2015
- Blog de Geraldo Samor - Veja.com
As empresas de ensino superior vão fazer de tudo para que as mudanças no FIES, que ameaçam estrangular seu caixa, sejam pelo menos parcialmente revertidas.
Recentemente, as empresas montaram uma associação para representar seus interesses, informalmente conhecida no mercado como “Big 6” porque reúne Kroton, Estácio, Laureate, Devry, o Grupo Ser e a Anima, dona das universidades São Judas Tadeu e Veiga de Almeida.
Mas o soft power das empresas na interlocução com o Governo tem nome, fortuna e relações de afeto importantes: Walfrido dos Mares Guia, ex-ministro de Lula, amigo da Presidente Dilma Rousseff e um dos fundadores e conselheiro da Kroton.
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Se as novas regras do FIES forem mantidas, os acionistas da Kroton são quem mais tem a perder em termos absolutos. Com um valor de mercado de 21 bilhões de reais, a Kroton vale mais do que o dobro das outras três concorrentes listadas, somadas.
Se Mares Guia resolver intervir, ele tem crédito na casa.
O bilionário da educação, que começou a vida como professor de cursinho em Belo Horizonte antes de ingressar na carreira política, é tido como um dos grandes responsáveis pela eleição de Fernando Pimentel em Minas Gerais e quase -- quase -- fez o Ministro da Educação, o deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG).
Em setores do PT, se diz que o problema de Lopes -- que acaba de ser eleito para um quarto mandato na Câmara -- foi "pouco currículo" para o cargo.
Mares Guia, que costuma entreter o ex-Presidente Lula em sua casa de campo, é conhecido por seu carisma espetacular e por ser um lulista extraordinaire.
“Para o Walfrido, é Lula no Céu, Deus entre o céu e a Terra, e nós aqui embaixo,” diz uma pessoa muito próxima ao ex-ministro, que também coordenou a campanha de reeleição da Presidente em Minas Gerais.
Mares Guia também tem um vínculo com o novo ministro da Educação, Cid Gomes, já que atuou como coordenador de campanha de Ciro Gomes no primeiro turno das eleições presidenciais de 2002.
Questionado pelo Estadão na terça-feira sobre a queda das ações das empresas de educação, Cid Gomes disse:
“Eu não entendo muito de Bolsa, não. Quero trabalhar pela educação, focando na questão da qualidade na educação pública.”
Quando o assunto for Bolsa, é só Gomes ligar para Mares Guia -- isso se seu telefone não tocar antes.
É claro que qualquer reversão das mudanças no FIES será o produto de um embate entre o imperativo fiscal e o argumento das empresas de que o Governo rompeu contratos, mas em momentos assim, gozar da atenção e da gratidão de quem tem a caneta já costuma ser meio caminho andado.