Agência de risco corta Andrade e salva Odebrecht (por ora) 22/01/2015
- Blog de Geraldo Samor - Veja.com
A agência de classificação de risco Moody’s cortou a nota de crédito da Construtora Andrade Gutierrez e de sua dívida com garantia, o primeiro downgrade a atingir o primeiro escalão das empreiteiras nacionais.
Ao mesmo tempo, a Moody’s reafirmou a nota de crédito da Construtora Norberto Odebrecht (CNO), mas disse que sua perspectiva é negativa.
O downgrade da Andrade vem uma semana depois da agência Fitch ter cortado o rating da Queiroz Galvão e da Mendez Júnior e mantido Camargo Correa, Andrade e CNO em perspectiva negativa, o que sugere um downgrade iminente.
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Depois do corte, a dívida sem garantia da Andrade caiu hoje para 65 centavos de dólar, o menor valor desde a emissão dos títulos em abril de 2013, segundo a Bloomberg.
Os investidores que compram o papel a este preço terão um rendimento de 18,8% ao ano se a empresa continuar honrando sua dívida.
“Todos estes 23 nomes envolvidos na Lava Jato vão tomar um ou dois downgrades,” diz um investidor que compra títulos de empresas distressed (em dificuldades).
“Isso é mais uma chateação para quem tem o papel, porque certos investidores podem investir apenas em um determinado rating, e com esses downgrades eles têm que vender.”
A dívida das empreiteiras está trocando de mãos, saindo dos portfólios de investidores que só compram títulos com grau de investimento e entrando na carteira de investidores que só lidam com empresas distressed.
No mercado, o consenso é de que quase todas as empreiteiras envolvidas na Lava Jato caminham a passos largos rumo a uma recuperação judicial (RJ, no jargão dos advogados).
E a movimentação do dinheiro já começou. A dias de entrar com o que os especialistas consideram um inevitável pedido de RJ, a OAS enfureceu seus credores ao honrar uma dívida com um fundo administrado pelo Santander.
O fundo, Santander Diamantina, era o único detentor de uma emissão de debêntures da OAS, e recebeu todos os seus 940 milhões de reais de volta.
A notícia foi dada pelo Valor Econômico.
A OAS não confirma a informação, mas também não contestou o jornal.
Se fez o pagamento ao Santander, a OAS praticamente zerou seu caixa, que, de acordo com a própria empresa, estava em 1 bilhão de reais em dezembro.
De acordo com o REDD, uma agência especializada no mercado de dívida e reestruturação de empresas, a OAS insiste que não está pagando seus credores financeiros porque está tentando preservar seu caixa e continuar funcionando.
Segundo a agência, a empresa diz estar pagando apenas funcionários e fornecedores.