Não se pode elogiar 27/01/2015
- Blog de Reinaldo Azevedo - Veja.com
Dilma já pensa em recuar das mudanças propostas no seguro-desemprego. Pois é… Eu as havia elogiado!
Pois é… Não tem jeito. Depois não digam que jamais elogio uma decisão do governo Dilma, faça chuva ou faça sol. É mentira! Elogio, sim! Ela é que não segura as pontas dessa sua gestão sem eixo.
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Está em arquivo.
Escrevi aqui que as mudanças anunciadas pelo governo no seguro-desemprego eram corretas.
Afinal, esse setor tem uma aberração matemática elementar: o valor do seguro-desemprego explodiu justamente no período em que o desemprego… caiu!
É claro que se transformou numa forma de assaltar os cofres públicos.
Alguém até poderá dizer que os ricos roubam muito mais.
Se for verdade, também sou contra.
O que sei é que o seguro-desemprego virou uma expressão da ladroagem.
Mas apoiada, sim, pelas máquinas sindicais.
Segundo as novas regras definidas pela equipe econômica, a carência para a concessão do seguro-desemprego passaria de seis para 18 meses nos últimos 24 trabalhados quando o benefício fosse solicitado pela primeira vez.
Na segunda solicitação, o prazo saltou de 6 para 12 meses; na terceira, manteve-se a carência de seis meses.
Também se alteraram as regras para o abono salarial e o seguro-defeso -- uma fonte de desperdício evidente como sabe qualquer um que frequente a praia.
Há milhares de supostos pescadores no Brasil que viraram donos de canoas ressequidas que há muitos anos não beijam o mar.
A economia com essas mudanças poderia chegar a R$ 18 bilhões.
Não é brincadeira.
Mas Dilma já pensa em recuar.
As centrais sindicais estão pressionando e planejam atos públicos contra as regras que o governo quer implementar.
Em Davos, Joaquim Levy, ministro da Fazenda, afirmou que o mecanismo de seguro-desemprego no Brasil está ultrapassado.
Caiu mal na banda esquerda do governo.
Miguel Rossetto, nada menos do que secretário-geral da Presidência, saiu em defesa do mecanismo, que chamou de “cláusula pétrea”.
Poderia, claro!, ter-se calado, mas sabem como é…
O Planalto agora diz, informa a Folha, que o intuito sempre foi negociar no Congresso, já que o próprio governo considerava difícil que os parlamentares aprovassem o texto como o queria a equipe econômica.
Depois da entrevista de Levy, tida como desastrada -- e já está em curso um movimento nada sutil para torrá-lo --, o próprio Planalto teria concluído que o melhor é recuar.
Quanto?
Ainda não está claro.
Viram só?
Não se diga, então, que nunca elogio o governo.
É que, tudo indica, não consigo acertar o meu passo com o de Dilma Rousseff.
Ela logo recua de uma decisão que acho correta.
E não me espanta que a presidente tenha desistido de fazer a coisa certa.