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O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Câmbio ajuda exportações, mas traz custos
05/03/2015 - Mauro Zafalon - Folha de S.Paulo

O dólar é um dos grandes sustentáculos dos preços das commodities para os brasileiros neste momento. Mesmo exportando volume menor e recebendo menos receitas em dólares, o volume financeiro em reais tem sido maior para alguns setores.

Mas, apesar de facilitar a vida do exportador e produtor, o agronegócio não deve focar apenas os benefícios da valorização da moeda norte-americana, segundo alguns dirigentes desse setor.

A alta do dólar -- que torna os produtos brasileiros mais vantajosos no exterior e significa que um volume maior de reais será pago por eles -- pode esconder custos internos que o mesmo dólar e os desacertos da economia trazem.


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"Se simplesmente olhássemos para o dólar, o setor estaria rico em um momento como este", diz Francisco Turra, presidente-executivo da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).

A verdade é que o importador também faz contas, dificulta as negociações e exige descontos, segundo Turra.

Na avaliação de Antonio Camardelli, presidente da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne Bovina), o dólar forte ajuda bastante.

Mas, para ele, "o dólar bom é o que não agrada a importador e exportador. O que todos reclamam dele".

Cada mercado tem sua especificidade, e exportador e importador querem o melhor rendimento.

No caso da carne bovina, "estamos reformulando os pacotes de exportações, principalmente para os países da área cinzenta e que foram afetados pelo petróleo, como Rússia e Venezuela", diz.

Os mercados, de forma geral, exigem qualidade, o que tem elevado os custos de vários dos concorrentes do país.

Daí a busca das empresas brasileiras por mercados que paguem mais, como Japão, Coreia do Sul, Taiwan e Indonésia, afirma Camardelli.

Tanto Turra como Camardelli estão confiantes com o cenário deste ano. Turra, do setor de frango e de suínos, aponta os dados favoráveis que o dólar pode trazer.

O volume de exportações de frango de fevereiro foi 1,6% superior ao de igual mês de 2014.

Já as receitas caíram 6,7% em dólares no mesmo período.

Com a valorização da moeda norte-americana, no entanto, as receitas subiram 10,3% em reais.


  

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