Cadê o Poder Executivo? 07/03/2015
- Blog de Reinaldo Azevedo - Veja.com
Ah, que delícia! O segredo de aborrecer é mesmo dizer tudo, né? Quando se diz antes, então, tanto melhor.
Na quinta, escrevi aqui um post em que expressava, com certa ironia (para bons leitores), a minha curiosidade sobre quantas pessoas da “Lista de Janot” seria ligados ao Poder Executivo, este que é chefiado por Dilma Rousseff.
Só há dois nomes ali que tiveram função relevante no Executivo: Edison Lobão e Gleisi Hoffmann.
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E apenas ele foi ministro do governo Lula, que é quando o circo de horrores prosperou na Petrobras pra valer.
Assim, vejam que coisa fantástica.
Por enquanto ao menos -- vamos ver o que mais virá, se vier --, o escândalo do petrolão teria sido, então, uma maquinação de empreiteiros e de funcionários corruptos da empresa para beneficiar parlamentares, na sua maioria, do PP, que, como sabemos, é o partido que comanda os destinos da República, né???
Do Poder Executivo, ora vejam, ninguém participou, com a possível exceção de duas pessoas em 54.
E, ainda assim -- não li os depoimentos que citam a dupla --, as citações podem dizer respeito ao período em que estavam no Parlamento.
Se alguma esperança me resta, deriva do fato de que a coisa ainda não acabou.
Como depoimentos ainda estão sendo tomados, pode até ser que esse troço acabe entrando nos eixos.
Por enquanto, merece o Oscar, como disse, de “Roteiro Adaptado” -- adaptado, no caso, do desfecho do mensalão.
“Ah, mas é que essa lista decorre basicamente dos depoimentos de Paulo Roberto Costa, que era homem do PP, e de Alberto Youssef”.
Sim, eu sei.
Continua estranho.
De novo: quem sabe venha mais novidade por aí.
Como a coisa está, sem a participação do Poder Executivo, resta-me dizer como Padre Quevedo: “Non ecziste”.
Ah, sim: o que escrevo não impede que todos da lista sejam culpados -- que se apure! -- e mereçam punição.
Mas digam sinceramente: vocês acham essa lista compatível com o tamanho do escândalo, que, obviamente, não se restringe à Petrobras?