Relaxe, nada sob controle 10/03/2015
- Vinicius Torres Freire
Por algum tempo, as previsões e aqueles palpites diários sobre idas e vindas das partes mais inflamáveis do mercado financeiro merecerão menos crédito do que de costume.
A geleia política, remexida além da conta, se desfaz ainda no calor de histeria, irresponsabilidade e incompetência políticas quase gerais.
Esse vem sendo e deve ser por semanas (duas? Dez?) o motivo de passeios ainda mais aleatórios das taxas de câmbio e até de juros.
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A turma está "sem referência", em "pânico", como dizem rapazes do mercado, sempre exagerados.
Há de resto indefinições sérias do que a turma do dinheiro grosso vai fazer com seus haveres, dada a divergência econômico-financeira entre Estados Unidos e eurozona.
Parece firula tratar disso enquanto o Brasil afunda numa recessão de talvez 1,5% e há risco de um conflito político exacerbado demais descer à rua. Mas não é.
O dólar no Brasil dá piruetas sobre uma onda mundial de alta da moeda americana, entre outras marolonas.
A "incerteza" sobre o ajuste fiscal no Congresso, clichê analítico recente, parece agora aflição pouca.
A conversa migrou. Especula-se sobre qual governo e Congresso teremos até o fim do ano.
Sim, a aprovação do pacote fiscal refrescaria o ambiente e evitaria o pior em termos de finanças e crédito do governo, mas nem de longe diz tudo sobre o tamanho do efeito do arrocho na economia real e, pois, "nas ruas", na reação político da massa dos brasileiros.
Sobre o "ajuste", é ingenuidade não levar em conta incógnitas sérias tais como o tamanho da receita federal e até onde o governo, em tese o de Dilma Rousseff, vai tolerar cortes, que tendem a ser brutais e talvez mandem à breca metade do investimento federal, talho mais "sujo" e recessivo.
Como se não bastasse, Dilma deixa apodrecer a crise do Petrolão (Petrobras mais Lava Jato), que faz estragos em cadeia na economia real.
O tumulto geral emperra ou talha o investimento nos demais setores.
Convém ressaltar: pela primeira vez desde o início de 2004 haverá redução de consumo das famílias.
Mas se tratava então de momento de recuperação e esperança.
Agora, os dias são mais parecidos com os das tensões sociopolíticas e quedas de consumo de meados de 1998 a fins de 1999, os dias de "Fora, FHC!".
A falta de perspectiva sobre qual governo teremos piora a desorientação.
Mesmo antes dessa histeria, era difícil pensar o quanto o dólar mais alto pesaria na inflação de um país que vai entrar em recessão feia e, por tabela, em qual seria o impacto disso na taxa de juros.
Agora, o dólar está numa biruta, pois a política está tresloucada. A biruta pode girar ainda mais, pois a finança mundial está sujeita a chuvas e trovoadas.
Mesmo a elite dos entendidos em juros e câmbio do mundo está perdida a respeito do efeito global do fortalecimento da economia dos Estados Unidos e do dólar enquanto as taxas de juros da eurozona estagnada ficam cada vez mais no vermelho.
Menos ainda se sabe dos abalos que virão da tão falada já por dois anos alta dos juros americanos.
Mas ela virá, talvez em setembro, uma virada maior nas finanças do mundo em quase dez anos.