Ministério Público reage a tese de que tenta criminalizar doações legais 22/03/2015
- Painel - Folha de S.Paulo
Lavanderia eleitoral
O Ministério Público Federal vai tentar derrubar, nas denúncias contra investigados na Lava Jato, a queixa dos políticos de que há uma tentativa de “criminalização das doações eleitorais”.
Os procuradores da República colecionam provas -- fluxograma de recursos, depoimentos, planilhas de coincidência de datas entre repasses a partidos e pagamentos na Petrobras -- para demonstrar que as doações eram lavagem de propina fruto de desvios e superfaturamento em contratos na estatal.
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Cristalino
Os investigadores negam que haja uma tese generalista sobre doações. É o mesmo que dizer que apontar lavagem de dinheiro em postos de gasolina significa criminalizar a venda de combustíveis, ironiza um membro da força-tarefa.
Documento
Na petição do fim do mundo, de nº 5260, que descreve a quadrilha no petrolão, há e-mail de construtora que cobra de Alberto Youssef recibo de doação eleitoral pedida por ele.
Déjà-vu
Para quem participa da apuração do petrolão, a choradeira sobre doações legais lembra o mantra de políticos no mensalão de que todos os crimes eram só caixa dois eleitoral.
Fio…
Outra convicção do Ministério Público e da Polícia Federal é que a interrupção do mensalão, em 2005, aumentou a pressão sobre os diretores indicados por partidos na Petrobras para que pagassem propina a políticos.
…condutor
O ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa diz claramente em seus depoimentos que a cobrança era menor até 2006.
Rede
A Kroll apresentou a deputados da CPI roteiro prévio para recuperar dinheiro no exterior. Além de rastrear contas de delatores, também deve se fixar na venda de ativos da Petrobras fora do país.
Salgado
A comissão ainda ajusta termos do contrato, cujo custo é estimado em R$ 500 mil. Serão duas parcelas: uma na contratação e outra depois dos resultados.
Contusão
Escalado para relatar uma das medidas provisórias do ajuste fiscal, o deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), investigado na Lava Jato, pediu para deixar o posto por medo de desgaste.
Pra quê?
A relação entre Lula e Dilma atingiu seu pior momento. Em meio à crise que abarca o governo, o ex-presidente tem dito a aliados que a sucessora não o escuta mais e, mesmo que concorde com suas sugestões, não aplica nenhuma delas na prática.
Pregando…
Após a demissão de Cid Gomes do Ministério da Educação, por exemplo, Lula aconselhou Dilma a colocar Aloizio Mercadante no MEC e Jaques Wagner na Casa Civil.
…no deserto
Dilma, por sua vez, não deu sinais de que efetivará a troca, exceto se o próprio Mercadante se dispuser a mudar de área, hipótese considerada remota.
Pra fora
De um deputado do PT, sobre Dilma ter negado uma reforma ministerial ampla: “Ela estava com a bola na marca do pênalti, mas chutou pra fora. Aliás, ela é craque em perder pênalti”.
Até tu?
A irritação do ex-presidente se estendeu a João Santana. Lula fez diversas sugestões para o pronunciamento de Dilma no Dia da Mulher, que motivou panelaço em várias cidades do país, mas também não foi ouvido.
Recuar
Jaques Wagner tem se preservado da disputa por espaço na articulação política e prefere não ir para o Palácio do Planalto agora.
Para avançar
Petistas leem a cautela como estratégia para se lançar candidato à Presidência em 2018.
TIROTEIO
"Fora da toca, Dilma andou falando tanto que terminou recebendo apoio da elite branca comandada por Stédile."
Senador José Agripino Maia (DEM-RN), presidente do partido, sobre críticas do líder do MST, João Pedro Stédile, ao governo Dilma Rousseff.
CONTRAPONTO
Aqui se faz, aqui se paga
Quase ao final da sessão em que Eduardo Cunha anunciou a demissão de Cid Gomes, depois de ser acusado de “achacador” pelo então ministro da Educação, o deputado Nilson Leitão (PSDB-MS) pediu a palavra:
— Quero sugerir trazer mais alguns ministros que não vão bem no governo pra poderem cair também. Quem sabe aí vai melhorar o Brasil.
Cunha respondeu sem alterar a expressão:
— Os ministros que têm tido comportamento respeitoso para com o Congresso estão vindo às quintas. Quem não teve veio sob a forma de convocação.