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O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Petrolão volta a bater à porta da presidente
14/04/2015 - Blog de Reinaldo Azevedo - Veja.com

Atenção! Surgiu aquela que é, entendo, a denúncia mais grave desde que o escândalo do petrolão começou a vir à luz.

E, desta vez, pega em cheio a Controladoria-Geral da União (CGU), órgão subordinado à Presidência da República.

Mais uma vez, o descalabro se aproxima perigosamente da presidente Dilma Rousseff.


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Mas, suponho, Rodrigo Janot, procurador-geral da República, não vai pedir ao Supremo Tribunal Federal nem mesmo a abertura de um inquérito.

A que me refiro?

Em entrevista a Leandro Colon, da Folha de S.Paulo, Jonathan David Taylor, ex-diretor da SBM Offshore, afirmou que entregou à CGU, durante a campanha eleitoral do ano passado, provas de que a empresa holandesa havia pagado propina a agentes da Petrobras.

O órgão, no entanto, só abriu sindicância em novembro, depois da eleição.

Segundo Taylor, ele entregou à CGU mil páginas de documentos entre agosto e outubro de 2014.

O ex-diretor diz que foi ele quem teve a iniciativa de procurar a CGU.

No dia 27 de agosto, afirma, entregou ao órgão o relatório de uma auditoria interna da SBM, mensagens eletrônicas, contratos com o lobista Júlio Faerman -- a quem ele pagou US$ 139 milhões para obter contratos com a Petrobras --, extratos de depósitos em paraísos fiscais, a gravação de uma reunião da empresa e uma lista com nomes da Petrobras…

Mesmo assim, a CGU foi abrir sindicância só em novembro, 17 dias depois de realizado o segundo turno.

Para lembrar.

A VEJA publicou reportagem em fevereiro do ano passado informando que auditoria interna da SBM havia encontrado indícios de pagamento de propina a funcionários da Petrobras.

Lá já se podia ler:

“O esquema de corrupção no Brasil, de acordo com a investigação interna, era comandado pelo empresário Julio Faerman, um dos mais influentes lobistas do setor e dono das empresas Faercom e Oildrive.

Ele assinava contratos de consultoria com a SBM que serviam para repassar o dinheiro de propina para diretores da Petrobras.

Essas consultorias previam o pagamento de uma ‘comissão’ de 3% do valor dos contratos celebrados entre a SBM e a Petrobras -- 1% era destinado a Faerman e 2% a diretores da petrolífera brasileira.”

Em março do ano passado, um mês depois da reportagem, a então presidente da Petrobras Graça Foster anunciou que uma auditoria interna não encontrara nada de errado.

Nesse mês, foi deflagrada a Operação Lava Jato.

No começo de novembro, o Ministério Público da Holanda anunciou que a SBM havia sido multada naquele país em US$ 240 milhões em razão de propinas pagas mundo afora, INCLUSIVE NA PETROBRAS.

Só no dia 17 de novembro Graça Foster veio a público para admitir que, de fato, havia indícios de corrupção.

Segundo ela, estava com essa informação desde meados do ano… E não falou pra ninguém.

Agora se descobre que a CGU também amoitou a informação.

A mesma CGU que negocia com a SBM um acordo de leniência…

Prestem atenção a este trecho da entrevista:

O sr. esteve com Faerman?

-Várias vezes. Julio Faerman não era um agente independente. Ninguém da Petrobras falava com a SBM sem ele. Era altamente íntimo do esquema no Brasil, e atuava com seu filho Marcello e o sócio Luiz Eduardo Barbosa.

CGU, SBM e Petrobras admitiram irregularidades somente em 12 de novembro.

- A única conclusão que posso tirar disso é que essas partes queriam proteger o Partido dos Trabalhadores e a presidente Dilma ao atrasar o anúncio dessas investigações para evitar um impacto negativo nas eleições. Para a SBM, era importante ter uma sobrevida com os contratos no Brasil. É minha opinião.

O sr. aceitaria colaborar com a CPI no Congresso?

- Claro. Provavelmente, se tudo isso tivesse sido descoberto mais cedo, Dilma Roussef não seria presidente.

Que tipo de documentos o sr. tem e entregou?

- Tenho, por exemplo, uma gravação de Hanny Tagher (ex-dretor da SBM) de uma reunião de 27 de março de 2012. Quando perguntado por Bruno Chabas (CEO) sobre Julio Faerman, Tagher explica quem é e o que fazia. Disse que, dos pagamentos feitos pela SBM para comissões, 1% ficava com o Faerman, e a outra parte, 2%, iria para a Petrobras. E eu perguntei então para ele, na gravação: “Petrobras?”. Ele responde “Sim”.

Volto

Para encerrar: segundo Pedro Barusco, a SBM doou US$ 300 mil para a campanha de Dilma, em 2010, de forma irregular.

Faerman teria sido o intermediário.

O mais impressionante é que a CGU confirma a versão de Taylor, inclusive a data da entrega dos documentos.

Para ela, no entanto, aqueles ainda não constituíam os “indícios mínimos”.

Reitero: a Controladoria-Geral da União é um órgão subordinado à Presidência da República.

Dilma tenta se afastar da crise, mas a crise não se afasta dela porque é perseguida pelos métodos a que seu partido recorreu, inclusive para elegê-la e reelegê-la.


  

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