Falta a do papagaio 18/04/2015
- Blog de Reinaldo Azevedo - Veja.com
O PT quer me matar de rir. Mas não vai conseguir.
O partido cansou de suas relações com o mundo das empresas privadas e decidiu: não aceita mais doações legais desses entes.
Que bom!
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Espero que não aceite também as ilegais. Porque, até onde sei, a lambança não se deu com as doações legais, né?
Aliás, ao tomar a sua decisão, o próprio partido assegura não ter feito nada fora da lei.
Entendi.
O PT, então, ficou nos estritos limites do que permite a legislação, mas considera que a doação de empresas privadas está na raiz das suas atuais dificuldades.
Mas por que estaria se tudo foi feito dentro da lei?
Vai saber.
É claro que a decisão, na esteira do afastamento de João Vaccari Neto, o tesoureiro, que está preso, é puro golpe de marketing.
Os jornalistas têm a obrigação de falar a verdade e de tornar público o que qualquer grande empresário conta, em off: faria ao partido a doação possível, dentro ou fora da lei, desde que não fosse prejudicado nos negócios.
Agora, então, eu passo a bola aos digníssimos da OAB.
É isso o que vocês queriam, doutores?
Vocês acham que é a legislação que torna canalha um… canalha?
Quando é que a OAB vai cobrar o fim de toda legalidade para combater as ilegalidades?
É ridículo!
Indução ao erro
O PT quer, com a sua “resolução”, induzir os demais partidos ao erro.
Se o PT não mais aceitar doações de empresas -- as legais --, quem sabe os outros partidos sejam compelidos a fazer o mesmo…
Assim, todos optariam pela clandestinidade, não é?
E, sabem como é, na ilegalidade, quem pode mais chora menos.
É uma piada grotesca!
Quando é que o PT vai declarar que não aceita mais a colaboração de sindicatos, por exemplo?
Quando é que o partido deixará de aparelhar as Apeoesps da vida e assemelhados, que, na prática, fazem doações indiretas ao partido ao promover suas políticas?
A quem o PT acha que engana?
Já foi o tempo em que uma patacoada como essa faria algum efeito.
É bem verdade que a decisão, em princípio, só vale até junho, quando o partido faz o seu congresso.
Se perceberem, até lá, que não emplacam a tese da proibição da doação de empresas, aí, sabem como é, eles podem mudar de ideia…