Vamos democratizar a bagaça, companheiro! 14/05/2015
- Blog de Reinaldo Azevedo - Veja.com
Não há nome que provoque tamanho pânico no PT como o de Ricardo Pessoa, o dono da UTC, apontado pelo Ministério Público Federal como o coordenador do chamado “clube das empreiteiras”.
É, entre todos os empresários enroscados na Lava Jato, o mais próximo de Luiz Inácio Lula da Silva, com quem estabeleceu uma relação de amizade. E se julga abandonado pelo amigo.
Entre os presos, foi quem mais se deixou abater na cadeia, demonstrando maior inconformismo com a situação.
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Um acordo de delação premiada chegou a ser anunciado em fevereiro, mas houve depois um recuo. Não está claro por quê.
Nos bastidores, o que se comenta é que ele se nega -- ou se negava? -- a admitir a tese do cartel.
Três meses depois, tudo indica que o acordo finalmente saiu.
E, como se nota, a colaboração foi acordada depois de um habeas corpus do Supremo ter posto fim à prisão preventiva.
Advogados que conhecem o caso -- e já escrevi isto aqui -- haviam me dito que Pessoa recusava qualquer forma de colaboração enquanto estivesse na cadeia.
No seu caso, a prisão preventiva atrapalhava, em vez de ajudar, a investigação.
Pelo que se sabe até agora, Pessoa é quem põe a bomba mais perto do PT, de Dilma e de Lula.
Na terça, o ex-presidente resolveu ter um chilique e saiu acusando a imprensa de dar crédito a denúncias de bandidos.
Pois é.
Parece que o Babalorixá de Banânia e o PT querem ter o monopólio da bandidagem, não é mesmo?
Enquanto Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa (que o chefão petista chamava “Paulinho”) operavam para os companheiros, estes os tratavam como pessoas de bem.
Agora que a casa caiu, Lula gostaria que o jornalismo os ignorasse.
Digamos, Lula, que sejam todos bandidos…
Cabe a pergunta: para quem eles operavam até anteontem?
Leiam o que informa a VEJA.com:
O presidente da empreiteira UTC, Ricardo Pessoa, viajou para Brasília nesta quarta-feira para firmar um acordo de delação premiada com a Justiça.
Apontado como “chefe do clube do bilhão”, o empresário, que está em prisão domiciliar, foi levado à Procuradoria Geral da República para formalizar seu compromisso de colaborar com as investigações em troca de uma redução de pena.
A decisão deve ter consequências importantes para a Operação Lava Jato, já que Pessoa atuou como porta-voz do do chamado “clube do bilhão”, que reunia as principais empreiteiras do país, e foi amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
As colaboração dele deixa o escândalo do petrolão ainda mais perto do Palácio do Planalto.
Segundo o jornal Folha de S. Paulo, Pessoa admitiu ter destinado recursos de propina para as três últimas campanhas eleitorais do PT à Presidência.
Em 2006, por meio de caixa dois. Em 2010 e 2014, em doações registradas na Justiça Eleitoral.
Ele também pagou 3,1 milhões de reais a José Dirceu para obter favores do PT, além de ter financiado com caixa dois a campanha de Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo em 2012.
Reportagem de VEJA também mostrou que Pessoa está disposto a contar como ajudou a financiar as campanhas de Jaques Wagner e Rui Costa para o governo da Bahia -- o primeiro, em 2006 e 2010. O segundo, em 2014.
VEJA revelou ainda uma anotação de Pessoa, apreendida pela Polícia Federal, segundo a qual ele menciona o tesoureiro da campanha de Dilma em 2014, o atual ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva.
“Todas as empreiteiras acusadas no esquema criminoso da Operação Lava Jato doaram para a campanha de Dilma.
Será que falarão sobre vinculação campanha x obras da Petrobras?”, diz o texto apreendido.