Vive bem quem padrinho tem 07/06/2015
- Carlos Brickmann - Observatório da Imprensa
Roberto Amaral, que ficou famoso quando por algum motivo quis construir uma bomba atômica brasileira, ganhou prestígio de verdade quando tentou impedir que seu partido, o PSB de Eduardo Campos, deixasse de seguir automaticamente o PT (e, após a morte de Campos, trabalhou contra a candidata do partido, Marina Silva).
Prestígio tem valor: Dilma nomeou Roberto Amaral para o Conselho da Itaipu Binacional, com R$ 20.804,13 mensais para participar no máximo de uma reunião por mês, e olhe lá, se não cair no feriado, e mandato de quatro anos (a propósito, além da diretoria, há doze conselheiros, todos com esse salário -- dá para entender parte do alto custo da energia, não é?)
Dilma nomeou ainda outro adepto: Maurício Requião de Mello e Silva, filho do senador e ex-governador Roberto Requião.
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Roberto Requião é do PMDB, mas da ala petista do partido; e está, ao gosto de Dilma, cada vez mais bolivariano, dos que levam Maduro a sério.
Roberto Amaral e Maurício Requião têm algo mais em comum, além da ligação com o petismo: entendem de eletricidade.
Sabem o suficiente para acender e apagar a luz de casa.
Mas deixemos os ricos de lado e falemos dos pobres.
O primeiro-ministro da Inglaterra, David Cameron, anunciou que todos os ministros britânicos terão salários congelados por mais cinco anos, como medida de economia.
O congelamento vem desde 2010.
E -- fora daqui isso acontece! -- o Governo britânico anunciou que cortará seus gastos em US$ 40 bilhões nos próximos dois anos.
Ói eles, ói nós
Os britânicos cortam os gastos do Governo, os brasileiros têm de pagar caro para manter o conforto de quem vive às suas custas.
E ainda pagam muito pelos serviços que os britânicos recebem em troca de seus impostos.
Assistência médica, por exemplo: quem não quiser desfrutar da “saúde quase perfeita” que, segundo Lula, é proporcionada pelo SUS, será esfolado no próximo aumento das mensalidades do seguro-saúde.
Os preços vão subir mais de 13%, superando com facilidade os aumentos de salário de qualquer categoria profissional.
E esta supercobrança será feita com autorização do Governo Federal.
É a união entre um Governo insensível e empresários gananciosos contra as vítimas de sempre.
Quem acertou a Fifa
Loretta Lynch, guarde este nome: foi ela, a primeira mulher negra a ocupar a Secretaria de Justiça dos Estados Unidos, que coordenou a operação em que foram presos oito dirigentes da Fifa, inclusive José Maria Marin.
Loretta, já antes de ser nomeada secretária, chefiava as investigações.
É filha de um pastor protestante, formada em Direito em Harvard.
Frase sua, pouco antes da operação na Suíça:
“Ninguém é grande demais para a cadeia. Ninguém está acima da lei”.
Nas trevas faz-se a cara luz
Uma estranhíssima parceria público-privada está sendo montada pela Prefeitura de São Paulo: por ela, empresas privadas ganharão o direito de reformular toda a iluminação pública paulistana, sem investir um só centavo (a parte dos investimentos é bancada pela Prefeitura, com o dinheiro dos cidadãos arrecadado via Cosip, Contribuição sobre Iluminação Pública).
E qual a parte da empresa privada?
A dura tarefa de receber os lucros por no mínimo 20 anos, prorrogáveis.
Tudo feito da maneira mais discreta e menos transparente possível.
Uma representação foi entregue ao Tribunal de Contas do Município, em que o prefeito Fernando Haddad tem maioria, na quinta, 28 de maio.
Ali se alegou que na semana seguinte não haveria a reunião semanal de quarta-feira, porque a quinta seria feriado -- e um feriado, na laboriosa Prefeitura petista de Haddad, rende folga a semana inteira.
Na outra semana também não haveria reunião, talvez por ser cansativo trabalhar no sexto dia após o feriado, ninguém é de ferro.
A PPP deve abrir os editais no dia 23 próximo.
Penumbra?
Não: trevas.
Transparência zero.
Racismo universitário
É inacreditável -- e este colunista não teria acreditado se não visse o ofício da Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, assinado pelo pró-reitor José Fernando Schlosser.
Schlosser determina que os programas de pós-graduação da Universidade -- pública, paga com nosso dinheiro -- informem se há alunos e professores que tenham vínculos com Israel ou israelenses.
Este colunista, por exemplo, os tem: é amigo de Sônia Bargh e Yehudit Sirotsky, ambas israelenses e moradoras em Israel.
É amigo também de James Akel, descendente de palestinos árabes cristãos de Haifa.
E tem boas relações com o muçulmano xiita iraniano Kia Joorabchian.
E daí?
O jornalista gaúcho Luís Milman, até há pouco tempo membro do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, já representou ao Ministério Público contra a atitude das Magnificências da universidade.
E a grande imprensa, as comissões de Direitos Humanos no Rio Grande do Sul e espalhadas pelo país, quando irão se manifestar contra esse tipo de atitude suja?
Luvas de pelica
Engana-se quem diz que, no caso Pizzolatto, a Itália não quis dar o troco à atitude brasileira de negar a extradição de Césare Battisti.
A Itália está dando o troco, sim.
Henrique Pizzolatto, no Brasil, pode ter vontade de contar tudo.