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O OUTRO LADO DA NOTÍCIA
O deputado de R$ 35 milhões
17/06/2015
- BERNARDO MELLO FRANCO - FOLHA DE S.PAULO
Quanto vale um deputado influente, com currículo estrelado e livre acesso ao Palácio do Planalto?
Se estivermos falando de Antonio Palocci, a resposta é R$ 35 milhões.
Essa foi a bolada que ele faturou enquanto exercia seu último mandato na Câmara, de 2007 a 2010.
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O dinheiro foi pago à empresa do ex-ministro por nada menos que 60 clientes.
Em quatro anos, ele recebeu de bancos, planos de saúde, empreiteiras, escritórios de advocacia e até fabricantes de telhas.
Ao menos uma das contratantes, do setor petroquímico, é investigada na Lava Jato.
Quando a Folha revelou seus negócios, em 2011, o petista disse que atuava como consultor.
Os verdadeiros consultores legislativos, que são servidores concursados, deveriam ter protestado.
Depois de Palocci, o termo passou a denominar legisladores que fazem bicos milionários.
A atividade paralela pode não ser proibida, mas é incompatível com o cargo.
Os parlamentares já recebem subsídio de R$ 33,7 mil, fora auxílios e verbas de gabinete.
É o bastante para viver bem, sem precisar passar o pires entre empresários que têm interesses a defender em Brasília.
O petista também alega que declarou seus rendimentos à Receita, o que não resolve o problema.
Como sua empresa era protegida pelo sigilo fiscal, o eleitor não ficou sabendo para quem ele trabalhava.
Seus clientes só vieram à tona porque ele entrou na mira do Ministério Público.
Palocci ficou rico, embora não tenha batido os R$ 39 milhões de faturamento da empresa de José Dirceu.
A depender dos dois ex-ministros, o PT já poderia ter mudado a sigla para PC: Partido dos Consultores.
***
É grave a crise no Rio. Na manhã de ontem, terça, o governador Luiz Fernando Pezão, 1,90 m de altura, apertava-se em um voo da Avianca para Brasília.
No tempo das vacas gordas, seu antecessor, Sérgio Cabral, esbanjava R$ 3,5 milhões anuais pelo conforto de jatinhos executivos.
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