Uma nova eleição é solução para a crise 04/07/2015
- Ronaldo Caiado*
Foi em meio a uma crise institucional, política, econômica, fiscal e de credibilidade que o mais eficiente plano de estabilidade econômica, em vigor desde 1º de julho de 1994, o Plano Real, comemorou 21 anos.
A previsibilidade instituída pela estabilidade monetária possibilitou o desenvolvimento tecnológico do setor agropecuário, que deu um salto de produtividade nestas mais de duas décadas.
Com 39 milhões de hectares em 1994, produzimos 81 milhões de toneladas de grãos.
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Em 2015, com 57,33 milhões de hectares, deveremos chegar à casa dos 200 milhões de toneladas. Enquanto a área plantada cresceu 47%, a produção deu um salto de 147%.
O setor superou as crises internacionais, passou a administrar seu passivo, herança do período inflacionário.
Apesar de todo o preconceito por parte do governo, o setor agropecuário foi o principal sustentáculo da balança comercial em anos recentes, ajudando o país com uma reserva cambial de US$ 372 bilhões.
Nada obstante a importância do agronegócio, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, diz que o ajuste fiscal e a contenção de despesas para cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal irão impedir gastos com subvenção econômica, que inclui os recursos destinados a equalizar taxas de juros do crédito rural, dos programas de exportação e dos programas de sustentação de preços e manutenção de estoques.
Se ele diz que não vai equalizar juros, como o setor vai sobreviver?
O atual cenário, com sinais claros de agravamento, fará o PT tirar dos brasileiros a maior conquista de todos os tempos, que é o Plano Real.
Com a volta da inflação, vamos retroagir aos anos de 1990, quando o setor se endividava com créditos reajustados por taxas e indexadores, as famosas letrinhas.
Para exemplificar, ao final do ano agrícola, o produtor contraía um empréstimo equivalente a 10 mil sacas de milho, mas na colheita devia 50 mil sacas.
O setor já foi punido neste ano com a não liberação do pré-custeio. Ficou inviabilizado o preparo do plantio de uma safra. Essa antecedência era importante para o produtor ter melhor capacidade de negociação.
E a pergunta que fica: a que custo será repassado esse empréstimo em cima da hora ao produtor?
A que taxa de juros?
Será que vão reeditar novamente as letrinhas como indexador da dívida do produtor, sem a garantia do preço mínimo?
Sem o seguro agrícola?
Justo agora que imaginávamos o fim desse processo de vincular um setor tão importante como a agropecuária ao chamado Plano Safra, que avançaríamos para um Plano Plurianual, com regras claras para o setor e transmitindo segurança do ponto de vista jurídico e econômico.
Infelizmente, a gestão bolivariana dos governos do PT nos sinaliza para um passado que a agricultura quer esquecer.
Além dos problemas relatados aqui, não cabe a mim, como senador da República, apenas diagnosticar o óbvio e se preocupar com o que possa acontecer, mas sim trabalhar no sentido de antecipar os fatos, mobilizar a classe política, o setor produtivo e a sociedade para o momento que vivemos: a total ingovernabilidade, com a presidente Dilma Rousseff, sem nenhuma credibilidade, atingindo o mais alto patamar de rejeição desde a redemocratização.
Sabedores da importância do setor agrícola e da ameaça que lhe aflige, devemos alçar os olhos também para essa preocupação nacional.
Como brasileiros, precisamos abraçar um projeto para tirar o país da crise e promover uma correção de rumos.
Para isso, defendo a realização de uma nova eleição para a Presidência da República.