Dilmãe vira a Dilmadrasta 07/07/2015
- Blog de Reinaldo Azevedo - Veja.com
Que coisa, hein? Dilma Rousseff, que prometeu na campanha eleitoral que, em seu segundo mandato, o Brasil daria início a um novo ciclo de desenvolvimento, assinou ontem uma Medida Provisória que permite a redução de 30% na jornada de trabalho e nos salários.
O FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), no entanto, vai compensar metade da perda de renda do assalariado, desde que esse valor não ultrapasse R$ 900,84.
Assim, quem ganha até R$ 6 mil vai trabalhar 30% menos, mas terá uma redução de apenas 15% no salário.
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A partir de R$ 6 mil, a redução passa a ser maior de 15%.
Quem ganhar R$ 8 mil, por exemplo, terá descontados os 30%, o que resultará em R$ 5.600.
O FAT vai reembolsá-lo em R$ 900,84. O salário total será, então, de R$ 6.500,84.
Nesse caso, a perda será de 18,74%.
A partir de R$ 6 mil, quanto maior o salário, maior o percentual descontado.
O governo chegou a essa fórmula depois de conversar com empresários e com centrais sindicais.
É claro que há certas condições.
Os trabalhadores poderão ter o salário reduzido por seis meses, renováveis por mais seis.
As empresas que aderirem ao programa ficam proibidas de demitir no período.
Terminada a fase, o empregado que aderiu à redução não poderá ser dispensado por um prazo correspondente a um terço do tempo da adesão.
O objetivo, é evidente, é conter a marcha do desemprego, que tem surpreendido até os mais pessimistas.
Ainda que um programa como esse se faça de modo pactuado, é claro que se está diante de um retrato do que a gestão petista provocou no país.
É certo que, para o trabalhador, tomado individualmente, é melhor o emprego com uma renda menor do que o desemprego.
Para a economia, tanto faz.
O que se vai ter é menos dinheiro circulando, o que ajuda a aprofundar a recessão.
O Natal de 2015 não será um daqueles de que o trabalhador sentirá saudade.
Para aderir ao programa, a empresa precisa provar que está sendo afetada pela crise e que não se trata ou de má gestão ou, sabe-se lá, de uma forma de cortar custos.
O governo calcula que, num cenário de 50 mil adesões, os cofres públicos podem economizar até R$ 68 milhões porque seria mais barato arcar com as compensações do que com o seguro-desemprego, por exemplo.
O nome da medida vem vazado em novilíngua orwelliana: poderia se chamar PRSJ - Programa de Redução de Jornada e Salário --, mas aí ficaria ruim, né?
Então, ironicamente, recebeu o apelido de PPE: Programa de Proteção ao Emprego.
Uma redução na renda de, no mínimo, 15% é uma pancada e tanto.
Se o programa der certo, o feito ficará colado à biografia de Dilma.
Por mais que o trabalhador considere, sim, que é melhor isso ao desemprego, vai associar o período em que ficou mais pobre ao governo daquela que prometeu ser a Dilmãe e entrará para a história como a Dilmadrasta da Branca de Neve.