Mais uma péssima notícia para o Brasil 09/07/2015
- RAQUEL LANDIM - FOLHA DE S.PAULO
As notícias que vêm da China são nebulosas, mas já dá para perceber que o desenrolar dessa história pode ser negativo para o mundo e, especialmente, para o Brasil.
Parece que estamos nos aproximando perigosamente do estouro da tão temida bolha de ações da China. Uma espécie de "subprime" chinês em que problemas do mercado financeiro podem contaminar a economia real.
O pouco que sabemos até agora é que os investidores venderam ações "a descoberto" na China, ou seja, sem depositar suas margens de garantia, e provocaram a maior alta dos papéis em sete anos.
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Com a recente restrição no crédito pelos bancos, foram chamados e cumprir suas obrigações e simplesmente não têm o dinheiro, provocando quebra-quebra entre as corretoras.
Os preços das ações derreteram e as companhias optam por sair da bolsa num movimento desorganizado e pouco regulado.
No total, 940 companhias ou mais de um terço do total já deixaram de ser listadas.
Como isso é possível?!
As ações perderam US$ 3 trilhões em valor e a economia real não vai escapar a um movimento como esse.
O que não está claro ainda é o tamanho do estrago.
Os demais países do mundo dificilmente ficarão ilesos e o Brasil, em especial, já que foi considerado por muito tempo pelos investidores um "derivativo da China", devido a sua estreita relação comercial com o país, vendendo as matérias-primas para a industrialização chinesa.
O primeiro contágio vem pelo mercado mais sensível: o câmbio. Às 13h20, o dólar subia 1,49% para R$ 3,23, acompanhando o desvalorização das moedas dos países emergentes, provocada pela aversão ao risco dos investidores.
Os mercados de commodities também já começaram a refletir o estrago, principalmente o minério de ferro, principal produto, até agora, da pauta de exportação brasileira.
Somente ontem o minério caiu 10% para US$ 44,59. Desde o início de junho, a queda é de espantosos 29,24%.
O efeito é imediato na mineradora brasileira Vale, uma importante fornecedora das siderúrgicas chinesas.
As ações da empresa recuavam 3% hoje para R$ 14,68. Os papéis acumulam queda de 23,90% desde 1º de junho.
Essa turbulência é péssima notícia para o Brasil e para o governo Dilma porque já temos problemas internos suficientes.
A lista é longa: a recessão deve bater em 1,5% este ano, o desemprego está subindo perigosamente, e a presidente governa sob a ameaça de um processo de impeachment.
Como se isso não bastasse, agora se desenha uma forte crise em nosso principal parceiro comercial.
Com a Vale sofrendo e os preços das commodities em queda, teremos mais um dreno de recursos na combalida economia brasileira.