Ciro Gomes, agora, acha que Dilma mentiu para a população 12/08/2015
- Blog de Rodrigo Constantino - Veja.com
O que ele realmente pensa? Vai saber…
Em entrevista ao portal UOL, Ciro Gomes, que deve estar mudando de partido pela trigésima vez na vida (perdi a conta), resolveu atacar as intrusões de Lula, o ministro Joaquim Levy e as mentiras de Dilma.
Ele disse que “todas as intrusões de Lula têm sido muito ruins” para a atual conjuntura política brasileira.
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Na avaliação de Ciro Gomes, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva trabalhou nos últimos meses “conspirando” e “dando sustos” em Dilma Rousseff. Não contribuiu para acalmar o ambiente.
Sobre Dilma, diz que a situação se agrava porque “a população está se sentido traída, enganada. A Dilma mentiu para a população. O PT e Lula, também”.
O problema, diz Ciro, é que a presidente “perdeu completamente a capacidade de iniciativa”.
Deveria fazer agora o ajuste na economia que sempre quis.
“Deveria ‘apagar a luz’ no mercado de câmbio e deixar flutuar a cotação do dólar. Abaixar a taxa de juros drasticamente. O cenário da inflação fica imponderável, mas não é que a inflação vai necessariamente subir”.
Ciro hoje trabalha na CSN, empresa de Benjamin Steibrunch, que por incrível coincidência é o homem de uma nota só: a redução da taxa de juros.
O empresário vem usando seu espaço na Folha de S.Paulo há anos para defender tal “panaceia”.
Curiosamente, foi exatamente o que Dilma fez, sob forte crítica dos economistas liberais, este aqui inclusive.
A inflação disparou, a taxa de juros precisou subir novamente, e Steinbruch e Ciro Gomes fingem que nada disso aconteceu.
Parecem ter aterrizado de Marte ontem.
Ciro está “surpreso” com as mentiras de Dilma, com sua traição ao povo, e com sua falta de capacidade de iniciativa.
Mas… o que ele achava disso tudo durante a campanha de Dilma?
Como o leitor pode ver, as opiniões de Ciro sobre Dilma e o PT oscilam bastante.
Alguém mais cético poderia dizer que elas dependem de onde Ciro está e de quais são seus interesses do momento, e não do que ele realmente acha dos petistas.
Mas como eu sou otimista, vou acreditar na sinceridade de Ciro, e ficar com a hipótese de que ele apenas muda muito de opinião mesmo.
De dia é de esquerda, de tarde é de centro, e de noite é de esquerda novamente.
Se fosse gaúcho, no verão torceria para o Grêmio, no inverno para o Internacional.
É um sujeito volúvel, flexível, uma metamorfose ambulante.
Oportunista?
Um rato abandonando o navio que afunda?
Não creio!
Steinbruch, um homem tão apegado a uma só bandeira, não contrataria alguém que abraça mil bandeiras diferentes.
A menos, claro, que o indeciso resolvesse que, agora, a bandeira certa é a mesma do patrão.
Coincidência fortuita para ambos, naturalmente.
E aguardemos amanhã, pois Ciro poderá ter uma opinião diametralmente oposta àquela de hoje.