A presidente Dilma Rousseff deu uma entrevista surpresa na noite de ontem ao telejornal SBT Brasil, do SBT.
Foi o arremate de um dia em que ela saiu a campo para defender seu governo, acossado por uma crise política, uma crise econômica e a perspectiva de massivos protestos de rua em todo o país neste domingo.
Dilma já havia se pronunciado duas vezes -- primeiro, durante um evento de formatura de diplomatas no Instituto Rio Branco, e depois num encontro com participantes da Marcha das Margaridas, que levou a Brasília, com dinheiro público, movimentos de representação das trabalhadoras do campo.
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A entrevista foi conduzida pelo jornalista Kennedy Alencar, próximo do petismo e que no ano passado recebeu 194.773 reais do Planalto -- dinheiro liberado pela Secretaria de Comunicação Social (Secom) para financiar o seu blog.
Ou seja, não foi uma entrevista propriamente desafiadora.
Dilma pôde desfiar o ramerrão de que a crise econômica vai ser superada no máximo até o começo do ano que vem e que o governo mais impopular da história não está numa situação de isolamento político.
De modo um tanto desajeitado, a presidente disse que talvez, assim, quem sabe, alguns erros, como dizer, de condução da economia e de articulação política tenham sido, hmmm, cometidos.
Mas, mesmo sem sofrer pressão nenhuma, Dilma fez mais uma contribuição ao já longo anedotário sobre ela.
O entrevistador perguntou se o governo contava com os votos necessários para barrar a instauração de um processo de impeachment na Câmara dos Deputados, comandada pelo hoje inimigo figadal dos petistas Eduardo Cunha.
Dilma franziu as sobrancelhas enquanto a pergunta era feita.
Reclamou que ela era muito longa e complicada, mas mesmo assim começou a respondê-la.
Saiu com esta:
"Olha, se você olhar o Congresso, tá, sempre tem algumas pautas extremamente atraentes, o que é compreensível, porque o Congresso representa a sociedade."
A produção fez um corte na fala.
Dilma voltou dizendo que não responderia à pergunta.
Então ficou assim: a presidente disse que o impeachment é "uma pauta extremamente atraente".
São acidentes do uso do dilmês.
Mas, desta vez, muita gente vai concordar com ela.