Dérbi com cara de Dérbi 07/09/2015
- Juca Kfouri - Folha de S.Paulo
Nos últimos anos o Majestoso, entre Corinthians e São Paulo, tomou o lugar do Dérbi, porque o Palmeiras deixou de ser o protagonista que sempre fôra.
Mas depois do empate de ontem, somado ao 2 a 2 da semifinal do Paulistinha que classificou o Palmeiras em plena arena corintiana, o Dérbi mostrou-se revigorado e por pouco não repetiu o famoso clássico de Adãozinho, em 1971, que terminou 4 a 3 para o Alvinegro, depois que o Alviverde fez 2 a 0 e 3 a 2.
Só não aconteceu o repeteco porque Cássio, nos acréscimos, defendeu espetacularmente cabeçada de Leandro Almeida, depois de o Verdão ficar três vezes na frente.
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O 3 a 3 teve tudo que um grande clássico precisa para entrar na história como inesquecível, felizmente sem erro de arbitragem, que sempre esquenta o jogo e o dia seguinte, mas que é dispensável, ainda mais no atual momento do Brasileiro.
O resultado, embora diminua de sete para cinco pontos a vantagem corintiana sobre o Galo, acabou melhor para os visitantes, não só por ter ficado sempre atrás no placar, mas também pelo jogo em si porque os anfitriões foram ligeiramente superiores.
Verdade que Fernando Prass fez duas senhoras defesas nos pés de Renato Augusto e de Christian, mas Cássio também fez outras duas, a última já mencionada, quando não haveria tempo para mais nada.
Era indisfarçável a decepção verde e a satisfação em preto e branco, mas o que deve ficar registrada é a alegria de quem vê futebol mais com a emoção do que com a busca das inevitáveis falhas que quase sempre antecedem um gol.
Quem procura chifre em cabeça de cavalo perguntará como a melhor defesa do torneio sofre três gols, dois de cabeça, de Robinho (1,70m) e de Dudu (1,67m), já que o primeiro gol palmeirense foi fruto da sorte de Lucas ao cruzar bola desviada em Guilherme Arana?
Ora, sofre porque o ótimo Lucas centrou como se fosse com a mão para Robinho e porque Zé Roberto pôs a bola com maestria na cabeça de Alecsandro que a desviou para Dudu marcar. Simples assim.
Menos simples foi o primeiro gol corintiano, quando Arana aproveitou-se da brilhante jogada de Malcom para enfiar a bola no único lugar que Prass não poderia defender.
É verdade que os dois outros gols alvinegros, de Amaral, contra, e de Vagner Love, nasceram também de bolas paradas, dos pés de Jadson. Mas Jadson não é especialista neste tipo de jogada? Não treina intensamente para aperfeiçoá-la? Então, qual é o pecado?
Pecado, é a Polícia Militar proibir o mosaico da torcida esmeraldina com a frase "Meu freguês", alusão às duas vitórias de vantagem que o Palmeiras tem sobre o rival, como se fosse incitação à violência. Bom humor só provoca riso e violência quem provoca é a própria PM ao tratar torcedores com truculência.