Sucesso nas mesas-redondas que ocorrem depois das partidas, o uso de imagens para dirimir lances duvidosos ainda é tabu no futebol.
De modo anacrônico, o esporte resiste a implementar um recurso já utilizado no basquete, no tênis, no vôlei, no futebol americano e no hóquei, por exemplo.
A única concessão feita até hoje dentro dos gramados foi o recurso à tecnologia que permite averiguar se a bola entrou ou não no gol, introduzida há apenas três anos.
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Ao que tudo indica, o quadro permanecerá inalterado por muito tempo. Na semana passada, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) solicitou à Fifa, entidade máxima do esporte, autorização para usar imagens televisivas para auxiliar os árbitros no Campeonato Brasileiro da Série A em 2016.
A implementação do teste dependia de aprovação da Ifab (International Football Association Board), órgão que regulamenta as regras do futebol.
Repetindo a decisão tomada diante de pleito semelhante feito pela federação holandesa, o órgão negou o pedido da CBF.
Nem por isso, todavia, a confederação brasileira terá deixado de alcançar alguns objetivos.
Tratava-se de aplacar as pressões que vem recebendo dos dirigentes esportivos, insatisfeitos com os recorrentes erros de arbitragem no torneio deste ano.
Especula-se que, além disso, a entidade também pretendia desviar as atenções depositadas sobre seu presidente, Marco Polo Del Nero, suspeito de envolvimento no escândalo de corrupção da Fifa e investigado em uma CPI.
Apesar das possíveis intenções sub-reptícias e da negativa da Ifab, a iniciativa merece ser debatida por seus méritos.
Se um dia for implantada, poderá aumentar a lisura dos jogos e diminuir os equívocos que prejudicam o futebol como espetáculo e empreendimento.
Surgiria a figura do árbitro de vídeo, responsável por acompanhar os lances pela TV e alertar o árbitro da partida sobre erros de marcação.
Sua atuação ficaria limitada a lances duvidosos que resultassem em gol ou pênalti, além de omissões em casos de agressão física.
Críticos da ideia argumentam que o recurso aumentaria as interrupções dos jogos e modificaria sua dinâmica.
Segundo a CBF, porém, a interferência seria mínima.
A possibilidade de diminuir os erros de arbitragem interessa a todos -- menos, é claro, aos que lucram com a falta de transparência e a manipulação de jogos.