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O OUTRO LADO DA NOTÍCIA
Dilma mordeu outra isca
22/09/2015
- Bernardo Mello Franco - Folha de S.Paulo
O reencontro com Michel Temer, que voltou da longa turnê pelo leste europeu, não foi nada agradável para Dilma Rousseff.
Ontem, segunda, o vice disse à presidente que não fará indicações para a reforma ministerial.
Dilma ouviu o mesmo do deputado Eduardo Cunha e do senador Renan Calheiros.
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O PMDB encostou a faca no pescoço presidencial.
Como o partido não costuma esnobar cargos e orçamentos, sobram duas alternativas possíveis.
Na primeira, elevou as ameaças para arrancar mais do que foi oferecido até aqui.
Na segunda, decidiu antecipar o desembarque do governo.
Os peemedebistas detestaram o primeiro rascunho da reforma.
Não conseguiram derrubar o petista Aloizio Marcadante e não garantiram seu sonho de consumo, mandar na Saúde ou na Educação.
Sem resposta positiva até aqui, restou a velha tática da ameaça para obter o que deseja.
A outra alternativa é ainda pior para Dilma.
Em vez de jogar mais duro para negociar, o PMDB teria decidido abandonar de vez o governo.
Se isso acontecer, o principal beneficiário será o vice-presidente da República.
As recusas de Temer, Renan e Cunha agravaram o pânico entre os petistas, que ainda não sabem qual das hipóteses será confirmada.
A enrascada da reforma ministerial mostra que Dilma mordeu outra isca deixada pelo partido do vice.
Em agosto, o PMDB defendeu que a presidente enviasse ao Congresso um Orçamento com previsão de deficit.
Ela seguiu o conselho com entusiasmo e foi punida com o rebaixamento do país por uma agência de risco.
Agora Dilma está em apuros por executar outro plano da cartilha peemedebista: o corte de ministérios, a pretexto de enxugar a máquina.
***
Desabafo de um ex-ministro de Lula desiludido com os erros táticos de Dilma:
"Circular pelo Planalto entristece até o mais fiel aliado. Estamos vivendo uma crise para profissionais, e o governo é gerido por amadores".
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