Grupo Amaggi tem interesse na construção da Usina da Morte 23/08/2005
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Marcos Antonio Moreira -- fazperereca@yahoo.com.br
O grupo empresarial herdado pelo governador Blairo Maggi -- além de ¨Rei da Soja¨, maior produtor privado de energia no Estado -- tem interesse na construção da Usina da Morte, que vai fazer desaparecer o Salto Dardanelos -- cartão postal de Mato Grosso.
Um dos múltiplos tentáculos do grupo, a Amaggi Energia, tem projetadas inúmeras Pequenas Centrais Hidrelétricas naquela parte da Amazônia, porém as PCHs só terão sentido econômico se a energia puder ser exportada -- a região consome apenas 6 megawatts --, o que implica na construção de um linhão.
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A Usina da Morte, com 250 megawatts, no Salto Dardanelos, pelo volume de carga a ser trasportada, “justificaria” a construção do tal linhão – que já tem até recursos no valor de R$ 600 milhões de reais reservados, no BNDES, o que comprova uma orquestração em todos os níveis -- municipal, estadual e federal -- em torno da destruição daquela maravilha da Natureza.
Bom indicativo do deliberado propósito do governador de Mato Grosso e herdeiro do Grupo Amaggi em não dar divulgação e manter abafado o projeto de destruição do Salto Dardanelos pôde ser constatado no último final de semana, quando o site do governo deixou para publicar no sábado – dia em que o número de acessos é praticamente nulo – o “convite” para a audiência pública marcada para o dia 27, na cidade de Aripuanã, quando a população local vai decidir se aprova ou não a construção da usina.
Conforme dissemos ontem, vai aprovar, claro, pois além do convencimento por parte do prefeito e vereadores – um interessado nos royalties, outros no aumento do duodécimo para a Câmara – favorece os propósitos da Construtora Norberto Odebrecht a absoluta situação de penúria, na cidade e região, em razão da Operação Curupira, desencadeada no passado mês de maio, que acabou com os empregos na indústria madeireira -– até então a base de sustentação econômica da cidade e do município.
A oferta imediata de emprego na colocação do imenso duto de aço que vai engolir as águas e fazer secar o salto e nas obras de construção da “casa de força”, abaixo da sucessão de quedas – mesmo que sejam vagas temporárias e por um período curtíssimo -- vai representar um “presente caído dos céus”.
A questão é:
É justo a população de uma minúscula cidade, sob irresistível pressão social e econômica, decidir sobre o destino da mais linda cachoeira de Mato Grosso, uma das mais belas do Brasil e onde ocorre um fenômeno único no mundo -- um patrimônio ambiental que pertence a todo o povo mato-grossense e brasileiro?
A exploração do desespero dos chefes de família claramente induzidos pela situação de miséria a trocar o duradouro pelo temporário não é, entretanto, a única atitude “edificante” da Construtora Norberto Odebrecht e sua torcida organizada – grupo capitaneado pelo neo-mega-ambientalista Blairo Maggi à frente --, para viabilizar a destruição do Salto Dardanelos, conforme veremos amanhã no terceiro artigo desta série sobre a Usina da Morte.
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Comentário de Ricardo (onortao@hotmail.com) Em 20/03/2006, 19h15
é justo uma comunidade desaparecer!!!!!!
não existe futuro sem presente, não existe humanidade sem vida, a usina trará uma nova perspectiva de vida em toda região, não é justo acabar com sonhos, vidas, esperança de trabalhadores que lá investiram não só o que tinham , mas toda sua esperança de uma vida melhor.