SERÁ O BONIFÁCIO? 27/12/2000
- Marcos Antonio Moreira
Pesquisa realizada aqui na Galeria Cult para saber qual o evento cultural mais importante de Mato Grosso deixa de fora a tradicional Festa à Fantasia do Chipu. Faz sentido. A Festa do Chipu não tem Gazeta&Planeta pelo meio nem é bancada com dinheiro público.
Falar em pesquisa, muita gente tem estranhado o fato de não constar nenhum nome do PT na pesquisa exclusiva que estamos realizando a respeito da sucessão estadual. Posso esclarecer? Exclarexelei... Acontece que, até agora, ninguém do PT se apresentou - ou foi apresentado - como candidato ao Paiaguás, em 2002.
Pelo menos entre as pessoas de minha relação, a maioria não foi recenseada pelo IBGE. Na casa da sogra do Super, por exemplo, quatro mulheres e um homem não foram contados.
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Mais uma vez prevaleceu o velho golpe. Para não dar aumento aos servidores e garantir ganhos extras a deputados e senadores, mais uma vez o Congresso vai "trabalhar" no recesso.
A cena se repete desde o início do governo FHC, com os nobres parlamentares embolsando duas vezes por ano uma belíssima grana, enquanto os servidores - em nome da estabilidade econômica - ficam chupando o dedo.
Ainda bem que todo elenco titular do time do São Caetano vai poder jogar, nesta quarta-feira. A punição seria uma sacanagem contra o próprio Vasco, que na reta final da Mercosul e na Copa João Havelange protagonizou uma arrancada de arrepiar e merece ficar com os dois troféus. Sem mandraquices.
Realmente muito bem feito o programa Globo Repórter exibido na noite da última sexta-feira. É coisa pra se guardar. O programa foi todo gravado em Mato Grosso do Sul. Que é onde se faz realmente alguma coisa pela preservação do Pantanal.
Filmar o quê, aqui? As mansões construídas ilegalmente pelos amiguinhos e secretários de Dante sobre a lâmina d´água da baía de Siá Mariana? Falar da projetada pavimentação da rodovia Transpantaneira? Do Porto de Morrinhos?
Mostrar os aterros da Fazenda São João que há 25 anos desafiam a competência -- e a coragem -- das autoridades ambientais? Do hotel, dos aterros e do aeroporto que estão sendo construídos, na maior moita, no Pantanal de Poconé pelo Sesc/Pantanal?
Filmar o casal imperial fazendo caras e bocas na tal "Festa do Pantanal"? Ou o excelentíssimo Sr. Dr. Governador e Comandante em Chefe da Polícia Militar de Mato Grosso sobrevoando de helicóptero o rio Paraguai durante o Campeonato Internacional de Pesca, em Cáceres?
Lamentavelmente, não há muito mais o que mostrar aqui. E agora que o volume de água no rio Cuiabá passou a ser "regularizado" por um burocrata a serviço de Furnas, através das comportas da Usina dos Mansos, aí é que a lebre vai pestear de vez.
Falar em Manso, além de turbinar algumas empreiteiras, entre os "múltiplos usos" da usina oficialmente construída para "regularizar" as águas do rio Cuiabá está a de gerar tranqüilidade e perenizar a esperteza de todos aqueles que, ao longo dos anos, invadiram áreas proibidas no trecho compreendido entre o Parque de Exposição e o bairro Praieirinho.
Pra quem não sabe, logo depois da grande enchente de 1974, a Defesa Civil delimitou a área em que estaria proibida qualquer tipo de construção, devido às enchentes cíclicas. Na ocasião, todos moradores do antigo Bairro do Terceiro foram removidos para o atual Novo Terceiro.
Não demorou muito para aparecer na área de alagação um loteamento espiritual - o atual bairro Praeirinho - e, depois dele, uma série de outros empreendimentos imobiliários e construída toda sorte de edificações - residenciais e comerciais.
Pode até ser que quem comprou lotes, construiu sua casa ou instalou outros empreendimentos naquele trecho, não soubesse de que se tratava de uma área proibida para edificações.
Mas quem vendeu sabia perfeitamente o que estava fazendo. Inclusive os prefeitos e governadores que desde então se sucederam nos Palácios Alencastro e Paiaguás, que não só autorizaram a ocupação da área proibida como facilitaram as coisas, implantando obras e serviços de infra-estrutura, entre as quais a hoje valorizadíssima Avenida Beira-Rio.
Nesse contexto, a usina de Manso veio a calhar. Improvisou-se uma "justificativa ecológica" --- a "regularização das enchentes" - e uma nova embalagem para a obra, o tal "uso múltiplo" e todos serão felizes para sempre.
Assim, quem comprou e construiu de boa fé na área proibida fica livre de prejuízos futuros provocados pelas enchentes; premia-se a esperteza de quem vendeu e livra-se a cara dos governantes que permitiram, facilitaram e até -- direta ou indiretamente -- se beneficiaram do arreglo.
Quanto às conseqüências nefastas que a conveniente -- e bota conveniente nisso! -- "regularização das enchentes" vai provocar nos pantanais de Santo Antonio de Leverger, Barão de Melgaço, Mimoso e Poconé, já é outra história.
Uma história que, mais cedo ou mais tarde, certamente servirá de tema para um novo programa Globo Repórter. Este, sim, totalmente gravado em Mato Grosso, nos extintos pantanais de Leverger, Melgaço, Mimoso e Poconé. Esperar para ver.
Os forasteiros chegam, vão ao saloon, discutem, atiram e fogem, deixando mortos alguns moradores. Esta cena, comum no Velho Oeste americano, está se tornando cada vez mais freqüente em Mato Grosso, onde nos últimos meses cidades inteiras foram invadidas por bandoleiros e bancos assaltados.
No último dia de Natal aconteceu em Nobres, com o trágico saldo de três mortos. Onde será o próximo ataque, ninguém sabe dizer. Mas todo mundo sabe que vai acontecer. O mais preocupante é que este ambiente de vale-tudo é o caldo de cultura ideal para a eclosão de reações indignadas, como a da população de Colniza, onde um assaltante foi linchado em plena noite Natal. Mais um perigoso passo rumo ao estabelecimento do princípio da "justiça" feita pelas próprias mãos -- um retorno à barbárie pura e simples.
Os participantes do linchamento em Colniza chegaram ao requinte de gravar tudo em vídeo, com a convicção de que não vai acontecer rigorosamente nada. Como nada aconteceu com aqueles que espancaram e queimaram vivos alguns marginais em Matupá, há 15 anos , apesar de as cenas de selvageria também terem sido gravadas em vídeo o que, em tese, facilitaria a identificação dos "justiceiros". Em tese... Em tese...
De quem liga para o número 1404 - o telefone de reclamações da Telemat Celular - é solicitado um número de telefone fixo para que seja comunicada a solução do problema. Se vai resolver, por que não liga logo para o celular do suplicante?
Leitura dinâmica:
-- Coca-Cola investirá no mercado de bebidas à base de leite...
Será que vai ter também aquele aditivozinho natural produzido na Bolívia?
-- Cemitério sem condições de funcionamento...
Que tal uma manifestaçãozinha básica sexta-feira à noite?
-- Professores recebem 15 salários por ano em município do Nordeste...
O Prefeito de Passa-e-Fica, no Rio Grande do Norte, ensina a fórmula: utilizar bem os recursos do Fundo de Desenvolvimento da Educação e Valorização do Magistério - o Fundef. Alguém se habilita?
-- Petrobrás vai trocar de nome. Será PetroBrax...
Tem maior apelo comercial, entende? Pelo menos para a agência que recebeu 6 milhões de reais para chegar à nova e criativa marca...