Só para constar: para quem pensava que iríamos capitular assim, sem mais aquela, na tarde da última quinta-feira completamos 200 mil acessos. Apesar de toda lama, a gente vai levando esta chama.
*/*/*
Agora, só para chatear: no próximo dia 28, a exatos 100 dias do histórico 6 de abril de 2002, vamos iniciar a contagem regressiva do desgoverno Dante. A cada dia trataremos de um "avanço" -- compondo, ao final, uma radiografia completa. Mais uma exclusividade clickmt, claro.
PUBLICIDADE
*/*/*
É... A credibilidade de S. Excia anda zerada antes mesmo de ter início a contagem regressiva de seus últimos dias como todo-poderoso no Palácio Paiaguás...
Em uma semana de enquete, nenhum, rigorosamente nenhum entre mais de mil votantes, acha que a projetada escavação da estátua de Buda em Chapada dos Guimarães é uma "dádiva dos céus", conforme diz Dante.
Todo mundo desconfia mesmo que é coisa da dadivosa Monsanto, a multi dos transgênicos.
*/*/*
Leitura dinâmica:
Onde estão as nossas crianças desaparecidas? -- quer saber a manchete do jornal O Popular de Várzea Grande.
Se alguém soubesse a resposta, estaria resolvida uma das mais angustiantes questões sociais do país...
...
Já a edição deste sábado da Folha do Estado, garante que Bin Laden está em um "esconderijo incerto"...
E existe "esconderijo" certo? Desses com CEP e tudo o mais?!!!
*/*/*
Pádua, do Quebra-Torto, mexeu em um vespeiro quando, por conta da polêmica estátua do Budão do Dante, comparou os evangélicos de Mato Grosso aos talibans.
Penso que exagerou na dose. Os evangélicos não estão querendo detonar nenhuma estátua -- como fizeram os talibans, no Afeganistão --, pela simples e boa razão de que não existe estátua alguma. Há apenas um projeto nesse sentido.
Além do que, os evangélicos estão se valendo do que o livre exercício da cidadania permite para impedir a escavação da tal estátua no Morro do Jalapão que é -- gostemos ou não -- uma área de preservação permanente.
Não tenho procuração para defender os "crentes" -- aliás, nem religião eu tenho: sou apenas "igual a Deus", neste quesito --, mas o que está emputecendo os pentecostais é o fato de o governador do Estado dar apoio institucional à iniciativa.
Na verdade, Dante virou uma espécie de lobista do monge que inventou essa maluquice e do outro lobista, o da ONG, que comprou o terreno para erigir a estátua, com dinheiro não se sabe enviado por quem.
Pior: S. Excia virou cicerone e até cedeu o helicóptero "da PM" para que o monge escolhesse o local no entender dele, monge, adequado; área prontamente adquirida pelo lobista da multinacional dos transgênicos Monsanto.
A propósito, só um casalzinho de parênteses: onde estava o helicóptero, "da PM", quando Guiratinga ficou nove horas refém de dois bandoleiros? Transportando "monge"? Baldeando comida e bebida para festinha em chácara de conselheiro do Tribunal de Contas? Inspecionando as marinas que os novos ricos estão construindo ilegalmente em áreas desapropriadas -- áreas púbicas, portanto --, às margens da represa da usina de Manso?
Voltando aos "crentes".
Ninguém é contra que qualquer pessoa, física ou jurídica -- "monge", lobista, multinacional de transgêncios, o escambau de bico -- compre uma área e construa nela o que bem entender -- inclusive estátuas de Buda, de Jesus Cristo, de Dante, de que outra divindade for...
O que não se pode consentir é que um governador do Estado, que deveria dar o exemplo, dê apoio institucional e sirva de lobista e garoto-propaganda de uma iniciativa comprovadamente ilegal.
O Morro do Jalapão tem uma inclinação superior a 45 graus e, segundo as leis ambientais, não pode ser tocado. Fim.
Quer construir um imagem do Buda? Perfeitamente. Arranje-se um terreno plano, uma área que não esteja protegida por lei e mãos à obra!
Em nenhum momento os evangélicas se posicionaram contra a escavação da estátua porque seus cânones condenam a iconoclastia. É lógico que esta é a motivação, mas não "o" motivo.
Tanto que neste sábado estarão reunidos novamente, desta feita na igreja Batista do bairro Aráes, em Cuiabá, para tratar de aspectos e meios estritamente legais para impedir a escavação da estátua naquela área protegida.
Bom... Pelo menos para consumo externo é isto que irão estar fazendo lá. Para consumo interno, a conversa muda de figura...
Estou informado de que o Conselho de Pastores que reúne mais de 30 denominações pentecostais em Mato Grosso já decidiu que, em último caso, se falharem todas as tentativas e a Fema autorizar a escavação da estátua, naquele local...
...o Consellho de Pastores e Missionários simplesmente vai usar de sua influência e transformar cada púlpito em um palanque e cada culto em um comício -- contra Dante, é claro.
É a tal da "reza-forte" a que me referi na seção Curto&Grosso desta sexta-feira.
É a língua que Dante vai entender, se é que não quer ver exorcizada sua pretensão de chegar ao Senado na eleição de 2002.
Os evangélicos são, hoje, qualquer coisa em torno de 40% do eleitorado em Mato Grosso e para o lado que eles penderem -- ou não penderam -- vence ou dança.
A comunidade pentecostal já anda "porraqui" com o (ainda?) senador Antero Pés de Barro -- aquele que mente até sob juramento --, oficialmente o candidato dos tucanos para o governo de Mato Grosso, neste caso por conta da iniciativa do senador no sentido de reduzir para uma hora diária a programação evangélica nas emissoras de rádio e TV.
Com esta cavernosa estória da estátua, Dante também entrou na alça de mira dos evangélicos e se está pensando que vai esfregar o Budão, impunemente, na cara de todo mundo, está redondamente enganado. Pelo menos no caso dos evangélicos.
*/*/*
Apesar de nunca termos trabalhado juntos, acompanhei a trajetória de Lúcio Tadeu desde o primeiro dia de sua chegada a Mato Grosso. Por uma dessas belas surpresas que a vida nos reserva, Lúcio, Roseli Cordeiro e Paulo Leite saíram de Sorocaba com meu endereço em Cuiabá, fornecido por Martinha, a editora-chefe do jornal "Correio do Sul".
Marthinha começou como "foca" na Folha de Londrina e foi só após a chegada dos três sorocabanos, que descobri que ela não me odiava, conforme imaginava, embora tivesse razões para tanto. Pelo contrário: através dos três, soube que Marthinha, apesar de tanta aporrinhação minha, sublimou tudo e ainda nutria alguma admiração -- imerecida, por certo -- a ponto de me recomendar alguém que dispensava qualquer recomendação.
Em qualquer ramo de atividade, as pessoas se destacam pelo talento ou pelo esforço ou, ainda, pela puxação de saco. Lúcio, Roseli e Paulo Leite, pela ordem, servem de exemplo para cada uma destas situações.
Lúcio impôs-se logo pelo seu talento, era desses raros diamantes que já vêm naturalmente lapidados. Além do texto enxuto, incisivo, cirúrgico, revelou uma qualidade ainda mais rara no meio: do projeto às bancas, dominava tudo. Neste particular, entre suas crias ele deixa, entre outros, o projeto editorial de "A Gazeta", da "Folha do Estado" e do "Jornal de Hoje", de Rondonópolis.
Todo jornal ou mantém a cara do criador ou vira a cara do dono. Nos três exemplos citados, o último é o único que ainda mantém a cara do criador.
Se a gente pudesse escolher algumas pessoas para ficar para semente, o Lúcio Tadeu, certamente, seria uma delas. Mas, como não temos esse poder, o jeito é ficar com a saudade provocada pelas boas recordações que ele nos deixa.
Fica também o exemplo da Justina, companheira de todos os momentos de Lúcio, uma mulher que, ao longo de toda uma via crucis, demonstrou -- mais uma vez --, que não é das tais que abandonam companheiro na chapada. Formaram, sem dúvida, uma admirável dupla.