|
CURTO & GROSSO
Edição de 27/11/2001
Marcos Antonio Moreira -- fazperereca@yahoo.com.br
00:00
O atual vice-governador Rogério Salles, que assume o governo de Mato Grosso em abril do próximo ano para um mandato-tampão de 8 meses, só não tentará permanecer mais quatro anos no Palácio Paiaguás se não quiser.
Pelas regras do instituto da reeleição, Salles não só pode tentar um novo mandato, sem a necessidade de deixar o cargo, como é o candidato natural de seu partido, o PSDB, na convenção.
Salles está na mesma situação do governador de São Paulo, Geraldo Alkmin, que era o vice de Mário Covas e que estará disputando o Palácio dos Bandeirantes na eleição em 2002. (Para entender melhor o caso, leia as edições de ontem de "Curto&Grosso" e "Tá Ligado?")
A possibilidade de o vice Rogério Sales ser o candidato tucano na próxima eleição ao governo do Estado -- informação que demos aqui ontem, com exclusividade -- pegou de surpresa a chamada oposição e também o médio e baixo cleros do PSDB e a base aliada governista.
A cúpula tucana tem agido com a discrição possível na tessitura do rearranjo no ninho tucano. Para consumo externo, Pés de Barro continua "prestigiado", tão "prestigiado" que ontem monopolizou o horário eleitoral do partido, com destaque para a sua intervenção no Senado quando qualificou o ex-senador Antonio Carlos Magalhães de... mentiroso. Com a "autoridade" de quem mente até sob juramento!
Ao contrário de tantas outras patifarias praticadas à farta pelo governo e zelosamente varridas para debaixo do tapete com o apoio da mídia amestrada e fornecedores de opinião, Pés de Barro não está conseguindo abafar na mídia local a repercussão do crime de perjúrio -- exceção feita, obviamente, aos "jornalísticos" do grupo Gazeta&Planeta.
A representação contra o senador será entregue hoje à tarde ao presidente do Senado, Ramez Tebet e protocolada na Comissão de Ética. Impossível, desta vez, impedir que o caso ganhe repercussão na mídia nacional, principalmente porque ao demonstrar ser o que não é -- o "paladino da verdade" -- Antero Pés de Barro fez inimigos ainda poderosos, como os ex-colegas Antonio Carlos Magalhães e Jáder Barbalho.
ACM -- que ainda exerce fortíssima influência no Congresso e que ganhou o apelido de "Toninho Malvadeza" não foi à toa -- certamente não vai deixar passar batido esse caso, por enquanto, restrito à província.
Por enquanto...
A preocupação na cúpula tucana é tamanha que setores mais arejados do PSDB, caso Pés de Barro continue dando uma de desentendido, já pensam em sugerir ao senador que retire unilateralmente sua candidatura ao governo do Estado na eleição de 2002, para não continuar prejudicando o partido.
O difícil está sendo encontrar alguém no ninho com coragem suficiente para colocar o guizo no gato, como na conhecida fábula. Para estes setores, Pés de Barro "é bananeira que já deu cacho" -- é preciso cortar para não prejudicar as demais.
A brecha existente na legislação que trata do instituto da reeleição e a jurisprudência firmada no caso Alkmin veio facilitar tudo para a cúpula do PSDB, ao abrir a possibilidade legal de o atual vice e futuro governador Rogério Salles ser o candidato tucano ao governo de Mato Grosso na eleição de 2002.
Compartilhe:
|
|