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CURTO & GROSSO
Edição de 13/07/2005
Marcos Antonio Moreira -- fazperereca@yahoo.com.br
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Motivo para o governador Blairo Maggi demitir, não há -- como nenhum outro teve, antes.
Pelo contrário. Muito pelo contrário!
Já o empresário Blairo Maggi...
Well...
Já o empresário Blairo Maggi tem todos os motivos para remover o maior obstáculo à escavação da calha e retificação do leito do rio Paraguai, para implantar a hidrovia e colocar imensas barcaças lotadas de soja, pesticidas e inseticidas, no trecho entre Cáceres e Corumbá, na principal artéria do coração do Pantanal.
Só cabe esta explicação para o surpreendente afastamento do cientista Domingos Iglésias Valério da Coordenadoria de Defesa Civil, depois de 40 anos de uma dedicação quase sacerdotal.
Sua presença no governo é um orgulho para Mato Grosso.
Não sem motivos, até o Diário de Cuiabá -- que apóia em gênero, número e grau todas as decisões de Soja Majestade, por mais delirantes que sejam -- manifestou surpresa e indignação.
Precisa dizer mais?!!!
Para a comunidade cuiabana e mato-grossense e para a comunidade científica brasileira, a inexplicável demissão do Dr. Iglésias só encontra paralelo na demissão de Orlando Villas Boas da Funai, por Fernando Henrique Cardoso -- só que este teve a grandeza de rever a decisão, quando caiu a ficha e percebeu a dimensão da cagada.
Dispensável dizer que, como profissional criterioso e rigoroso -- o mais respeitado do país em sua área de conhecimento, a hidrodinâmica -- Dr. Iglésias jamais concordaria com tamanha insanidade, que é a retificação do leito do Paraguai, posto que, sem a sucessão de curvas, vai-se acelerar o processo de escoamento natural das águas e desfigurar para sempre o belo e imenso santuário da vida silvestre.
A recente decisão do Tribunal Regional Federal, que transferiu para o Congresso a palavra final sobre a implantação da hidrovia que só interessa ao empresário Blairo Maggi e multinacionais associadas -- sobretudo, no referido trecho...
...Transformou o Dr. Iglésias numa figura incômoda, um empecilho, um obstáculo ao projeto da hidrovia que precisava ser removido a qualquer custo, pois não seria um mordômico final de semana a bordo do jatinho de Soja Majestade que faria um cidadão de sua estatura moral mudar de opinião -- como sói acontecer naquele outro país onde poste mija em cachorro.
É evidente que, como maior e mais acatada autoridade no assunto, Dr. Iglésias seria -- e será -- convocado para dar sua opinião a respeito e seria -- e será -- com base em seu paracer -- contrário -- a decisão final do Congresso sobre a hidrovia, ¨mensalões¨ à parte.
Para ¨Meu Rei¨, contrariar seus interesses econômicos é algo intolerável por parte de um ¨subordinado¨ -- daí a demissão.
Voltaremos à carga.
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Comentários dos Leitores
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Comentário de LÉO MEDEIROS (donquixote@estadao.com.br) Em 14/07/2005, 15h59 |
SICÁRIOS DA GLOBALIZAÇÃO |
PENSAMENTO ÚNICO
Marcos Coimbra, Professor
Prof. Titular de Economia na Universidade Candido Mendes, na UERJ e
Conselheiro da ESG
Os sicários da globalização procuram impingir ao mundo a crença de que ela
é irreversível e os povos somente possuem uma opção: aderir a ela. Caso não
o façam, ficarão a margem da História, transformando-se em parias. Contam
para isto com a prestimosa colaboração de Instituições respeitadas, de
acadêmicos influentes e da quase totalidade da imprensa mundial. Os
neoliberais procuram impor seu ideário aos principais países do mundo,
agindo por intermédio de organizações diversas, inclusive organismos
internacionais como o FMI, Banco Mundial, BID e até de ONGs. Através da
coordenação da Trilateral, usam associações como o Diálogo Interamericano e
sua conseqüência lógica, o denominado Consenso de Washington, para criar o
pensamento único na comunidade mundial.
O genial escritor Eric Blair, pseudônimo de George Orwell, escreveu várias
obras magistrais. Mas, sem dúvida alguma, "1984" marcou toda uma geração.
Previu o que poderia acontecer no mundo futuro, só não acertando a época
precisa. Hoje, no início do terceiro milênio, os piores pesadelos dele
tornaram-se realidade. O "Grande Irmão" existe e está cada vez mais
presente. Governos instalam câmaras de TV para vigiar os passos da
população, inclusive nas vias públicas, a pretexto de manutenção da
segurança. Empregados marcam o ponto por intermédio de impressões digitais.
Satélites monitoram todas as atividades de porte na superfície terrestre,
sendo capazes até de identificar os movimentos de um homem. No melhor estilo
de Gramsci, todos os centros de irradiação de prestígio cultural são
dominados, um a um, pelos "donos do mundo", apátridas, possuidores do
capital transnacional.
Erodem os valores e princípios da sociedade. Destroem as instituições
basilares (Família, Igreja, Escola, Forças Armadas e outras). Assumem o
controle das Universidades, transformando-as em "shopping centers". Dominam
os meios de comunicação de massa (jornal, rádio, TV), impondo-lhes, de fato,
um pensamento único, aquele imposto pelo "globoritarismo"( totalitarismo da
globalização). Em nome da liberdade de imprensa, praticam a mais acirrada
das censuras, impedindo o acesso à chamada grande imprensa dos que não
comungam com suas idéias. Os que discordam somente possuem acesso à imprensa
alternativa. E, mesmo assim, são eliminados quando começam a incomodar. Ou
economicamente, ou moralmente, ou judicialmente. Logo, são rotulados por
qualificações esdrúxulas, como, por exemplo, nazi-fascistas para serem
discriminados. Agora mesmo, no Brasil, a seção brasileira da WWF, presidida
pelo empresário Sr. José Roberto Marinho, usou a Justiça para anular o MSIA
(Movimento de Solidariedade Ibero-Americana), através de ação na 24ª Vara
Cível, que culminou com uma diligência de busca e apreensão de publicações
no escritório do MSIA no RJ. No fulcro da questão está a suspensão da
construção da hidrovia Paraná-Paraguai, canal de escoamento de produção
agrícola do centro da América do Sul, por decisão do ministro dos
Transportes. A WWF fez campanha contra o projeto da hidrovia, alegando que
haveria impacto desfavorável para a fauna, a vegetação e a população do
pantanal mato-grossense. O MSIA defende o desenvolvimento.
Todos sabem, mas poucos dizem, que os meios de comunicação no Brasil são
dominados por cerca de seis famílias. E, ao contrário de outros países,
como, por exemplo, os EUA, onde o grupo, possuidor de TV, não pode ter rádio
e jornal, ao mesmo tempo, e vice-versa, ou então operam em cadeia regional,
para permitir a livre concorrência, aqui uma única rede tem o controle de
mais de 60% da audiência. E as relações com o poder econômico e as
autoridades públicas, são incestuosas, seja a nível de direção, seja a nível
intermediário. Os meios de comunicação precisam de verbas de publicidade, de
anúncios das empresas e da propaganda oficial para sobreviverem.
Na esfera intermediária, de um modo geral, os editores, colunistas e
jornalistas ganham pouco, mas possuem um elevado padrão de vida. Assim, são
vulneráveis a convites para ocupar cargos de assessoria de relações
públicas, formal ou informalmente. Até empresas de publicidade são usadas
como "biombo" para essas consultorias altamente rentáveis. Isto sem
considerar o engajamento político partidário notório de vários articulistas.
Desta forma, fica difícil esperar imparcialidade do chamado quarto poder, o
da imprensa, em especial da mídia amestrada, assim denominada em virtude de
estar cooptada pelos "donos do mundo" e pelos governos, em todos os níveis.
É preciso lutar, em todos os campos, especialmente no espaço democrático
propiciado por jornais como o Monitor Mercantil para reverter esta funesta
situação!
Site: www.brasilsoberano.com.br |
Comentário de jackson (jacksonmessias@brturbo.com.br) Em 14/07/2005, 10h06 |
IMPERADOR |
É PARECE QUE O IMPERADOR DE VADJU, CONFORME ENKETE DESTA COLUNA, NÃO DEVERÁ SAIR DO TRONO, É COMO DIZ ZAGALO:"VÃO TE QUE ENGOLI". |
Comentário de joao arruda (jornal.cacerense@top.com.br) Em 13/07/2005, 21h39 |
hidrovia, dos Guatós Canoeiros |
Tanta discussão aqui, acolá até na elitista e orgulhosa Argentina, já sediou reunião, ou melhor seduziu autoridades para o assunto, que se Mato Grosso, onde a soja reina absoluta, a navegação é altamente lucrativa , já para o municipio de Cáceres, nem tanto, seu povo assiste o rio Paraguai morrer lentamente, sua agonia agora é visivel, bancos de areia brotam a menos de 40 metros dos terminais portuários da Codesp (Encomind) e da Ceval. Falar que os cavaleiros Paiaguas eram canoeiros é viajar na maionese, ne verdade registro relatam que desde antanhos os Guatós, eram os canoeiros, longe desses encontros regados fartos almoços aqui ou lá em terras portenhas, um renque de ocas, com poucas almas dos Guatós, assistem o vai e vem dos cargueiros com soja, descendo e contaminando o Paraguai, arrastando a vegetação aquatica (guapé)protege as margens, assim muitos falam , falam, escrevem e escrevem, mas poucos conhecem o rio Paraguai, como o Villa,como os bugres pantaneiros de Cáceres, de Albuquerque, de Descalvados, de Uberaba, de Gaíva, do Paratudal, do Barranco Vermelho, de Castelo, da Bela Vista do Norte, e da bela cidade de Corumbá. Tantos e tantos que comentaram sobre poderiam vir a Cáceres, sentar-se numa canoa e descer apenas 100 quilometros de Cáceres a Morrinhos, para observar os estragos provocados pelas chatas, pelos comboios que são formados com até seis chatas, cada uma com 600 toneladas, totalizando até 3.600 toneladas, mas enquanto se fala, discute, aqui ou acolá na opulenta Rosário, as chatas descem rasgando as margens. Comparar as embarcações do inicio da colonização do Pantanal com ganancia dos "armadores" travestidos de empresários, é algo absurdo. João Arruda, é reporter, geografo, historiador, cacerense, de pai, mãe, avo, bisavo, trisavo, parteira e sotaque. |
Comentário de pedro taques (ptaques@prr3.mpf.gov.br) Em 13/07/2005, 15h54 |
Hidrovia |
Senhor Editor,
Inicialmente, gostaria de parabenizá-lo pelo independência de seus escritos, tenho que não podemos falar em Estado Democrático de Direito sem imprensa livre.
De outro lado, e sem maiore delongas, gostaria de informá-lo que fui um dos autores das duas ações que questionam a legalidade da chamada Hidrovia Paraguai-Paraná, uma delas julgada prcedente em primeiro grau (a que trata da questão ambiental), e a outra julgada procedente no TRF1 (quem tem por objeto a proteção dos índios Guatos).
Com efeito, não sou daqueles que "ESQUECEM O QUE ESCREVEM", muito menos daqueles outros que "ASSINAM SEM TER LIDO", pessoas essas tão comum na atual quadra histórica pela qual passa a Repúblca. Igualmente, me dou o direito de mudar de opinião, se a Constituição da República assim determinar. Desde logo lhe digo que não é o caso, pois entendo que ambas as ações por mim propostas estão corretas, e novamente as assinaria sem nenhum questionamento.
Em remate, pois já e hora de terminar, não seria "um final de semana de mordomias", que me faria mudar de opinião. Apesar de não concordar com parte de seus escritos sobre a questão da hidrovia, defendo o seu direito constitucional de externá-los.
Saudações!
pedro taques |
Comentário de Arquimedes Estrázulas Pires (arquimedes.pires@brturbo.com.br) Em 13/07/2005, 15h11 |
Engenheiro Civil e brasileiro de Mato Grosso |
O velho Paraguai, caminho natural dos canoeiros Paiaguás que em muito nos antecederam sem jamais tê-lo degradado, não pode curvar-se ao desejo de tê-lo sem suas curvas.
Todos somos favoráveis à Hidrovia e os resultados econômicos dela decorrentes; nem por isso vamos desfazer o que a natureza tão cuidadosamente construiu ao longo de tantos milhares de milênios; comboios menores também navegam e depois, de chata em chata, os porões dos grandes navios também se enchem de grãos, soja; como dizia Bilac, "a pressa é inimiga da perfeição." |
Comentário de Enzo Martins (enzomartins@hotmail.com) Em 13/07/2005, 14h35 |
Chatonildo Doutor Iglésias |
Não acredito nisso Marcos, o chatonildo cientista Domingos Iglésias nunca foi empecilho a projeto hidrográfico nenhum, aliás, se assim fosse, o lugar dele seria no governo, cooptado e amarrado pelas benessses do serviço público. Portanto, se o doutor fosse algo além de um técnico experimentado, de um cursilhista dogmático e de um católico rançoso, não teria ficado tanto tempo nos quadros do governo. |
Comentário de corregedor (correg@hotmail.com) Em 13/07/2005, 13h53 |
Considerações e desconsiderações |
Portaria do Ministério da Justiça de nº 1287, datada de 30 de junho de 2005, dá instruções para a execução de diligências da Polícia Federal em cumprimento de mandados judiciais de busca e apreensão. Vai a seguir trecho mais relevante da portaria do ministro Márcio Thomás Bastos.
"Considerando a importância de assegurar que as ações policiais se dêem no estrito cumprimento do dever legal e que se circunscrevam ao objeto do mandado judicial, prevenindo a prática de atos que extrapolem seus estritos limites; resolve:
Art. 2º O cumprimento do mandado de busca e apreensão será realizado:
III. de maneira discreta, apenas com o emprego dos meios proporcionais, adequados e necessários ao cumprimento da diligência;
IV. sem a presença de pessoas alheias ao cumprimento à diligência;
V. preservando ao máximo a rotina e o normal funcionamento do local da diligência, de seus meios eletrônicos e sistemas informatizados; e
VI. estabelecendo apenas as restrições ao trânsito e ao trabalho que sejam indispensáveis à execução do mandado judicial, resguardada a possibilidade de realização de buscas pessoais para evitar a frustração da diligência.
Art. 3º Salvo expressa determinação judicial em contrário, não se fará a apreensão de suportes eletrônicos, computadores, discos rígidos, bases de dados ou quaisquer outros repositórios de informação que, sem prejuízo para as investigações, possam ser analisados por cópia (back-up) efetuada por perito criminal federal especializado."
Depois me dizem para cumprir a Lei. Ora, nem a PF, o MPF, a Justiça Federal e o próprio ministro cumprem.
Em nota publicada hoje nos jornais da capital, a esposa do empresário Evandro Trevisan (preso provisoriamente e mantido preso injustamente na operação Curupira) comenta que sua família nem precisa passar pelo rito judicial do julgamento. Já se sentem julgados e condenados pela imprensa/opinião pública. Manifesto minha solidariedade à família e lamento que estejamos vivenciando no Brasil de 2005 a situação retratada por Franz Kafka em "O Processo".
Quanto à demissão do doutor Domingos Iglésias da Coordenadoria da Defesa Civil do governo de Mato Grosso, não me surpreendo. Espero coisa muito pior dessa turma da botina. Que dizer de um sujeito que pretendia mudar de partido para ficar na base de apoio a Lula e agora fala em mudar de sigla para compor com a oposição a Lula? Independentemente de qualquer avaliação a respeito do Lula e do seu governo, na minha terra chamamos pessoas assim de invertebrados: gente que não possui coluna vertebral e se dobra ao sopro das conveniências. Como já disse aqui o Vila, "há muitas e muitas luas", quando falta berço, todo o resto é fluído. Ô gaúcho fuleiro, tché! |
Comentário de kleber lima (kleberlima@terra.com.br) Em 13/07/2005, 12h46 |
Iglésias é Patrimônio Público |
A dmissão do DR. Iglésias é mais uma das asneiras do governo Maggi. Maggi, aliá, que homenageou Iglésias em 2003, pelos relevantes serviços que esse senhor tem prestado a Mato Grosso há deécadas. Se alguém fizer uma busca no site da Secom vai encontrar a homenagem. Agora, vamos ver quem colocarão em seu lugar. Um doce que será alguém de olho azul. Estou indignado com a essa demissão! |
Comentário de mario ney (marioney450@hotmail.com) Em 13/07/2005, 12h20 |
uma pena |
como diria o colunista, agora só restam "Fidel" e "orione". |
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