Os processos contra políticos se eternizam, num ritmo que permite, sim, à sociedade concluir que, em sua instância mais alta, a Justiça contribui para perpetuar a impunidade.
Algumas considerações publicadas na imprensa brasileira sobre esses 500 anos sugerem que a Reforma Protestante teve baixo impacto sobre a formação do nosso povo e da nossa cultura. É grave equívoco.
A Reforma não se conteve nas 95 teses que Lutero espetou à porta da igreja do castelo de Wittenberg em 1517, mas foi alavancada pelo pensamento modernizador, que valorizou o ser humano.
Um sucesso de 1954, de Fernando Martins e Victor Simon, com os Anjos do Inferno, era explícito e verdadeiro:
“Rio de Janeiro, cidade que nos seduz, de dia falta água, de noite falta luz”.
Meu pai contava que já nos anos 30, quando estudava Medicina no Rio, luz e água faltavam na cidade.
Foram décadas de queixas. Bastou um grande Governo, o de Carlos Lacerda, para que o problema da água fosse resolvido (o que vale até hoje, mais de 50 anos depois).
E bastou que a Eletrobras pusesse ordem na casa para que o problema da eletricidade fosse resolvido: hoje, há água e há luz.
O problema agora é a insaciável máquina de corrupção, unida ao tráfico e ao contrabando.
Ocorre que o país está enviando as mercadorias para serem distribuídas no Brasil pelos Correios como se fossem cartas simples, que têm a tarifa mais baixa, quando deveriam chegar como cartas registradas, cujo preço é, no mínimo, cinco vezes maior.
Seria possível Nelson Rodrigues existir como autor no Brasil de hoje? Não dá para saber com certeza científica, mas é extraordinariamente difícil imaginar que pudesse escrever e dizer tudo o que escreveu e disse. Quem deixaria?
Nelson Rodrigues é o maior autor de teatro que o Brasil já teve – seu nome estaria no topo da literatura mundial se não tivesse nascido, vivido e escrito na língua-portuguesa. Mas hoje seria considerado uma ameaça nacional.
O deputado federal de primeiro mandato Alexandre Baldy (Podemos-GO), 37 anos, deve ser anunciado nos próximos dias como novo ministro das Cidades, em substituição ao tucano Bruno Araújo.
Porém, para assumir o cargo, Baldy se filiará ao PP, partido com a quarta maior bancada da Câmara e que (também) pressiona o presidente por mais espaço no governo.
Apesar de possuir apenas o 11º maior orçamento da Esplanada (R$ 10,1 bilhões), a pasta é cobiçada porque comanda programas com impacto direto nas bases eleitorais, como construção de moradias, redes de esgoto e transportes urbanos.
Para arresolver a "qüestã", Temer deve dividir o controle do Ministério. A ideia é apartar os cargos de ministro e o comando das secretarias de Habitação e Saneamento, as principais da pasta.
Auditoria do Tribunal de Contas da União já rastreou R$ 50,5 bilhões do BNDES usados para bancar 140 obras em outros países, quase todas da Odebrecht e muitas delas com a participação do ex-presidente Lula.